“Que Deus nos dê Sabedoria
para descobrir o que é Justo,
A Vontade de escolhe-lo
Inteligência para executar
o que for perfeito,
E a Força de durar”.
(King Arthur)
O tempo pareceu parar por um minuto. Não se ouvia nenhum som de nenhum lado das montanhas. Os pássaros e as árvores se calaram e toda terra cessou seus gemidos. O silêncio era perturbador e incomodou a todos, de uma tal maneira que todos o perceberam e foram, também, ficando em completo e total silêncio.
De um lado do monte, o pequeno e cansado exército de Bruce. Do outro lado do vale e do monte, o numeroso e descansado exército dos ingleses, pronto para dizimar os escoceses. Os dois lados pareciam se entreolhar a distância, antes de iniciar a carnificina, confrontando de um lado a coragem e de outro a quantidade.
Naquele instante, nem besta nem homem faziam barulho algum, como se todos, num mesmo segundo, prendessem a respiração. O silêncio que precedia a batalha foi total e completo, como uma cripta antiga e esquecida pelo tempo.
O desfraldar de uma bandeira ao vento que veio por trás do monte, rompeu o silêncio, denunciando seus portadores, que naquele instante, ultrapassavam o cume do monte. Era uma bandeira xadrez, preto e branca.
Conforme os cavaleiros iam aparecendo, um após o outro, todos vestindo cotas de malha e mantos brancos, o alto do monte foi se enchendo de homens montados e armados para a batalha. Seus cavalos pareciam trotar nas nuvens, em silêncio, pois se posicionavam ao longo do monte sem fazer o menor barulho e sem se ouvir nenhum relincho.
Agora também os mantos brancos esvoaçavam ao vento e mesmo ao longe, notava-se em todos os mantos o símbolo que quebrou por completo o silêncio da batalha: uma grande cruz copta vermelha.
— Quem são aqueles? – indagou assustado um dos ingleses que ousou falar em meio ao silêncio.
— Demônios! – respondeu um velho que havia lutado nas cruzadas – Demônios de Jerusalém.
— Lutarão conosco? – questionou outro jovem.
— Não! Matarão a todos! Em nome de Deus! Matarão todos nós! – gritou outro velho.
— Por que não se movem? – perguntou outro inglês.
— Porque vão rezar! Vão rezar por nossas almas. – respondeu mais um velho – Malditos monges! Vão rezar por suas vidas. Malditos guerreiros!
Em uníssono, todos os cavaleiros de mantos brancos desceram de seus cavalos e se ajoelharam sobre um joelho, abaixando a cabeça. Apenas três cavaleiros permaneceram em seus cavalos, mas também pareciam rezar.
— Quem são eles? – perguntou um escocês – Quem são esses guerreiros que parecem monges?
— São nossos aliados secretos de última hora. – comentou Bruce, abaixando a cabeça como que para acompanhar a oração, talvez de agradecimento.
O silêncio agora parecia maior. Apenas o som dos mantos brancos era ouvido, rufando ao vento, como um tambor de batalha.
Os escoceses que estavam tão atônitos quanto os ingleses e todos pareciam também acompanhar aquela fúnebre reza.
O comandante inglês deu a ordem:
— Vocês três, ataquem o líder! Agora! – apontando para aquele que estava no meio, entre os três únicos cavaleiros que não se ajoelharam.
Três cavaleiros ingleses desembainharam suas espadas e esporearam seus cavalos subindo o monte, em direção aos cavaleiros de mantos brancos. Os escoceses ao verem o que se passava, esboçaram uma reação que foi contida pelos comandantes que restavam.
Embora os matadores ingleses se aproximavam, todos os cavaleiros permaneciam inalterados, imóveis, como que meditando, sem a menor reação.
Quando os três ingleses já estavam próximos o bastante, um dos cavaleiros que estava de joelho, rezando, simplesmente levantou sua cabeça e olho para o líder. Este, apenas consentiu com a cabeça e o cavaleiro saltou para seu cavalo, ao mesmo tempo que este já partia em direção aos agressores. Com um mão desembainhou sua espada longa e em segundos já estava tão próximo ao primeiro cavaleiro que o cavalo deste até se assustou.
As cenas seguintes são muito rápidas embora precisas.
O primeiro cavaleiro atacante inglês foi ferido por uma estocada lateral, do mesmo lado em que surgiu o monge-guerreiro. Com destreza, o guerreiro sacou uma espada menor que arremessou contra o segundo cavaleiro inglês, cravando-a em seu peito. Sacando sua espada do primeiro oponente, descepou o braço do terceiro atacante.
Os três cavaleiros ingleses, gemiam caídos no campo de batalha, próximos ao seu alvo, e derrubados por apenas um homem. Nenhum foi morto e nenhum outro monge-guerreiro se mexeu. O cavaleiro defensor, desenterrou seu punhal do peito de seu agressor, limpando-o em suas vestes e retornando para seu lugar, de volta a suas orações, como se nada tivesse ocorrido.
Tudo ocorreu muito rápido, mas todos puderam presenciar a cena. Era tudo um aviso...
Os escoceses entraram em total euforia, gritando de alegria e esperanças. Os ingleses emudeceram de pânico e temor.
— Quem são esses demônios de branco que rezam antes de lutar contra três oponentes ao mesmo tempo?
— Templários! Só podem ser os Cavaleiros Templários...
E este nome, que por muitos séculos incutiu o medo e terror, se espalhava novamente, de boca em boca, pelas fileiras escocesas e inglesas. Numa, impondo esperança e respeito, e na outra, pânico e desespero.
Sim, eram mesmo eles, os Cavaleiros de Deus, os monges da ordem do templo, os guerreiros de Cristo, ou como mais ficaram conhecidos, os temíveis Templários.
"Secrecy gives greater zest to the whole....The slightest observation shows that nothing will so much contribute to increase the zeal of the members of a secret union."
"...We must try to obtain an influence in...all offices which have any effect, either in forming, or in managing, or even in directing the mind of man."
"I have contrived an explanation which has every advantage, in inviting to Christians of every communion; gradually frees them from religious prejudices [and] cultivates the social virtues....My means are effectual and irresistible. Our secret Association works in a way that nothing can withstand."
- Adam Weishaupt (from Robinson, Proofs of a Conspiracy )