E ela foi embora assim mesmo. Sem me dizer o porque de ter ido, de ter deixado aquela carta em cima da minha cama na manhã seguinte. Tinha sido uma noite incrível, me recordo dos beijos, das carícias, do sexo na minha cama, da noite chuvosa e dos nossos olhares ainda jovens em direção à lua. Da forma como, em nossos 17 anos, ela vem me dizer "Eu te amo". E a forma como eu respondo as suas declarações. O jeito meigo dela dizer que estava afim de me beijar o dia inteiro. O jeitinho dela de deixar tudo bonito e perfeito. A voz gostosa dela ao telefone, as suas risadas, a forma como me fez do seu sorriso um abrigo. O conforto dos teus braços no meu corpo. E a maciez dos teus lábios rosados e molhados junto aos meus.
Hoje eu acordo depois de uma madrugada intensa de amor, olho para o lado e não a vejo. No seu lugar tem uma carta deixada por ela, enfeitada com adesivos bonitinhos como todas as outras. Sinto a sua falta, e este impulso de saudade me faz abrir a carta.
Ela se foi. Chegou a hora de acreditar que não era perfeito, que existiam os erros. A forma chata dela reclamar do que eu cozinhava, de não desejar boa noite ao dormir, da forma descarada de olhar pros outros, da mania de dar algumas mordidas no meu braço e dizer que era necessário para ela se acalmar; e da forma louca dela fazer amor na cama. Ela se foi. E ainda disse que me amava.
Tchau, menina linda.
Apesar de tudo, eu te amo. Amo tudo em você, tudo. E vou sentir a sua falta. Mas é melhor fingir que nada disso vai acontecer.
Mais uma vez... tchau!
Te amo de coração.
