-Não mãe, eu não quero!
Tudo quanto Babi gritasse não faria o menor efeito sobre a vontade de sua mãe. Iria tomar Vermutim e pronto, quem mandou pegar vermes, comendo aquela areia toda? Ou por outra, o Pedrinho mandou, mas ela tinha que fazer o que o irmão fala? Ultimamente tenho tido problemas pra por a Babi no banho, mas o Pedrinho adora brincar com a mangueira. Anotação mental No.37: Trancar a Bárbara no quintal com o Pedrinho e não deixá-los entrar até que um dos dois estiver encharcado. Pode funcionar, a mãe consentiu com um olhar perdido em sua própria genialidade.
Nisso, Babi sai correndo por entre as pernas da mãe e vai parar justamente no lugar onde até o vô Chico havia condenado com atitudes pitorescas de sua terra, que não convém comentar agora: o quartinho de empregada. Fechado há anos, por superstição da família, a pequena Babi havia arrumado um jeito de entrar que só ela conhecia, ou melhor, que só ela poderia usar: por baixo da porta. Sim, com o buraco que o Atlas tinha feito, era suficiente pra alguém pequeno como ela passar tranqüilamente.
- Filha, se você não sair, te deixo um mês morando com sua professora de estudos sociais. Disse a mãe, ameaçadora com a primeira coisa que lhe veio à cabeça.
-Não!
-Minha Filha... sai daí que mamãe te dá Kinder Ovo. Disse, persuasiva.
-Não!
-“Vou chamar o Atlas!” Mas isso a mãe só pensou. O silêncio que se seguiu nos próximos minutos, só não foi maior do que os gritos que a dócil Bárbara dava lá de dentro, quando o Atlas investiu suas lambidas nela, coisa que tinha pavor.
Babi tomou Vermutim com as caras que só ela sabia fazer, mas tomou. A família estaria livre dos vermes, mas, até quando?