Algures em Moçambique, princípio dos anos 70, num parque de campismo onde se viam sobretudo sul-africanos.
Acordei naquele 25 de Dezembro, para um Natal diferente de todos os outros. Mal deitei a cabeça fora da tenda, senti o sol quente e esplendoroso e, no entanto, eram ainda 5 da manhã. Dei uma corrida e mergulhei na água morna da praia. Dei umas braçadas e deliciei-me, pensando naqueles que, no outro lado do Mundo, hesitavam ainda em sair da cama, debaixo de lençóis e cobertores, e com o aquecimento ligado.
Saí do mar e regressei à tenda . Esperava-me o pequeno almoço : uma pêra abacate, preparada com vinho do Porto, chocolate e torradas. Campismo de luxo. Nada nos faltava. Geleira cheia de latas de cerveja. Arca frigorífica cheia de frangos. Um belo leitão e umas enormes gambas aguardavam-nos para o almoço, que se prolongaria certamente por toda a tarde. Passámos o resto da manhã a jogar à bola, a correr e a dar mergulhos naquela água maravilhosa. Depois fomos assar o leitão e grelhar as gambas. Não faltou um molho especial para o leitão nem o gindungo para apimentar o pitéu. Deleitámo-nos, comendo ao ar livre, com cervejas bem geladinhas a acompanhar. Que diferente foi este Natal. Nem presépio, nem Menino Jesus, nem pinheiro, nem prendas, nem Pai Natal ...
Passados tantos anos, pensando bem, aquele foi um dia normal. O Natal – esse - estava dentro de todos nós.