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Contos-->Sob as mais negras nuvens -- 25/04/2000 - 05:56 (Reinaldo Cavalcanti) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Certa manhã, um anjo que havia caído do Céu voava pela praia. O dia estava claro, o sol estava belo sobre o horizonte e o mar azul refletia o rosto das nuvens. Então, batendo suas asas de morcego, o anjo seguiu em direção ao mar aberto, deixando para trás a bela praia rodeada de coqueiros. Quando o anjo já havia perdido de vista a linha litorânea, ele notou uma grande rocha no meio do oceano e lá estava uma bela sereia a cantar. O anjo parou por alguns minutos, observou impressionado toda aquela beleza que se apresentava logo abaixo.
A sereia possuía loiros cabelos cacheados e uma voz digna de uma divindade. Estava a olhar para o horizonte, para a imensidão do mar, quando o anjo desceu para conhecê-la. Ao pousar na rocha, o anjo percebeu que a sereia se assustou com sua presença, talvez até com sua aparência, mas momentos depois ela já estava acostumada com o estranho visitante. Os dois se apresentaram e ela ficou muito entusiasmada por conhecer tão controversa criatura, ele, por sua vez, já havia se apaixonado por ela desde o momento em que a viu pela primeira vez.
O anjo e a sereia conversaram por horas e a cada história que um deles contava sobre suas vidas, tornava mais evidente a semelhança entre os dois, por mais diferentes que fossem suas origens. No entanto, enquanto o anjo conversava com a sereia, negras nuvens começaram a tomar conta do céu, encobrindo o sol e projetando uma gigantesca sombra sobre o mar.
Ele estava cada vez mais apaixonado por aquela criatura que tinha tanto em comum com ele, sabia que ela poderia tirar ele da eterna solidão a qual foi condenado e isso o fazia radiar de felicidade. Então, movido pela mais profunda das paixões, ele segurou a sereia em seus braços e beijou-a como se fosse seu primeiro beijo. A sereia sorriu e ele respondeu com um sorriso que jamais havia se visto no rosto de um anjo.
Porém seus sorrisos foram cortados ao meio por um estrondo vindo do céu. Raios e trovões desciam das nuvens e atingiam o mar, ondas gigantescas batiam na rocha, espirrando água para todos os lados. A sereia olhava para o mar revolto apavorada, o anjo ainda não sabia o que estava acontecendo. Foi quando de repente, o mar tomou forma de onda e quebrou sobre o rochedo, jogando a sereia ao mar e o pobre anjo contra as pedras.

Quando o anjo acordou, o mar estava um pouco mais calmo, no entanto, as escuras nuvens ainda pendiam sobre o céu. O anjo procurou sua sereia mas não havia nenhum sinal dela, nem na rocha nem no mar, ele estava só novamente, o mar havia levado seu sonho de liberdade embora.
Então, movido pelo ódio e pela dor, o anjo subiu aos céus e invocando todo o seu poder, transformou as nuvens numa cortina de fogo e projetou-as em direção ao mar, fazendo todo o oceano ferver até não mais restar uma só gota d’água.
Quando o anjo voltou para o rochedo, percebeu seu erro: devido à sua ira contra o mar, havia esquecido que seu amor também fazia parte dele e matando o mar também havia matado a sereia. Seu coração se despedaçou pela última vez e tomado por uma profunda tristeza, sentou-se no rochedo do deserto que um dia já foi mar, e chorou sua solidão, sob as mais negras nuvens.
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