O trabalhador rural, parou de trabalhar e olhou para o céu, ao ouvir
o barulho do avião. Guaira sp. É uma cidade situada ao nordeste
do Estado de São Paulo. Cidade forte na produção agricola, onde
emprega a maioria dos trabalhadores, desta cidade, os chamados
boias-frias. Um trabalhador teve uma expressão de curiosidade
que estampou-se no seu rosto; levou a mão, em forma de pala, na
testa, procurando exergar melhor o coloso dos ares que, sem
esforço, dono absoluto dos espaços, senhor onipotente das alturas,
semelhava-se a uma faixa branca em movimento. Rasgando o azul
do céu, apavorando os voadores de asas e bico, os quais eram os
senhores dos ares. Novo leviatã surgindo das profundezas abismais,
ganhando alturas, vencendo distãncias, reduzindo tempo, tornara-se,
com a sua estrutura de Deus metálico, o sonho do homem que,
ali, extático, o olhava abismado. O barulho dos motores já se lhe
tornara familiar e, embora estridente, ensurdecedor, mantinha
sempre o mesmo ritmo, como um disciplinado conjunto de
instrumento de percussão em atividade. O homem olhava-o e fazia
conjeturas: como seria seu interior,cmo as pessoas se sentiam lá
dentro, como pilotava, enfim, que poder miraculoso o mantinhas
nos ares. Descansou a enxada junto à uma árvore e, se pôs a
admirar o seu idolo, que já se perdia na imensidão sem limites,
sumindo aos poucos, como devorado pelo azul celeste. Permanecendo
apenas o barulho dos motores,que também ia diminuindo,
diminuindo, num pianissimo, até silenciar-se totalmente. Ainda hei
de ver esse passaro branco de perto.O enxadeiro afirmava a si
mesmo, na sua simplicidade de homem do campo, das fazendas,
da roça. E o desejo transformou-se em obsessão; a idéia fixa, de
ve o passáro branco, como passou a chama-lo, levou-o a se
esquecer do velho sonho!! Ver a terra prenha de plantação, a
lavoura viçosa, crescendo, prometendo fartura e alegria. Mas
voltava à pensar, hei de ver um avião de perto!.. Era a promessa
que fazia a si mesmo. E todos os dias, pontualmente à mesma
hora, lá estava ele a mirar o horizonte, certo de que o herói dos
espaços não tardaria a surgir. E realmente, como se os dois, o
homem e a maquina voadora, se compreendessem, ansiassem
por atingir o mesmo fim, ali se encontravam. O avião, que a
ciência e a inteligência humana lhe permetiam ganhar alturas,
parecia olhar o homem, lá de baixo,minusculo grão de areia, um
ponto quase invesivel na imensidão do planeta. E o homem não se
cansava de admirar o poderoso senhor da amplidão sideral.
Imponente, como se das alturas zombasse do pigmeu, que seguia
com olhar de admiração. Outra vez pensava hei de ver um avião
de perto!.. E certo dia , marcada tallvez por força estranha,
desconhecida dos homens, o avião surgiu no fundo do painel
azulado do horizonte. Pequena imagem metálica, que aos poucos,
crescia, crescia , avolumando-se, brilhando ao sol. Com a mão
na face acompanhava-o embevecido, entretanto de súbito, algo
lhe pareceu diferente, estranho. Aquele barulho faltava ritmo, a
sintonia, que seus ouvidos já familiarizados, captavam, como se
fosse sinais telegráficos. O motor falhava; a pane era inevitável,
iminente. Chico, prevendo o que ia acontecer, porquanto, de
repente, como se fosse mortalmente ferido, o monstro de ferro e
aluminio mergulhou no vazio. Que estará acontecendo?... O
homem peguntou a si mesmo; e a resposta não tardou. O barulho
dos motores, foi substituido por terrivel explosão e enorme
cratera foi aberta na terra e, logo o fogo tomou conta onde se
encontrava a aeronave. Chico estava há dois quilometro do
acidente, e saiu gritando não , não, não, quero ver avião nenhum
Deus me livra deste pesadelo amém.
-Jose Angelo Cordoso.-É poeta, contista, artista plastico,
Presidente-fundador da Academia Guairense de Letras. Com
intensa participação na Cultura Nacional, com várias publicaçães
tem recebido Laúreas e condecorações Literárias.