Dia 23 de abril, 23 hs recolhi-me aos aposentos, hora de dormir. Deitei-me, logo peguei no sono, e em seguida, despertei em um lugar lindo, não; lindo é pouco: Um lugar maravilhoso, cheio de montanhas, o ar era fresco e o dia era lindo; sabes aqueles primeiros dias de primavera, de um ano tal que você já passou, e que você sentiu vontade de sair voando, era assim.
A não ser que você nunca tenha percebido, que na primavera fazem dias realmente especiais.
Bem, eu estava maravilhado com a natureza, observava as montanhas, o céu azul, quando de repente, escutei alguma coisa se mexendo sobre a relva bem verdinha, que havia em quase todo o campo, eram dois pássaros lindos, estavam a construir o seu ninho, espantava-me a maneira com que trabalhavam, sem nem ao menos se importar comigo; O macho era garboso e de um colorido vivo, não pareciam ser animais terrestres, pois possuíam uma paz interior, ou assim uma coisa que não sei definir, poderia até tentar mas não seria definir o exato, por isso deixo para falar disso em outra oportunidade caso as palavras me apareçam.
Haviam árvores isoladas por todo lado, raramente se agrupavam, quando isso acontecia, parecia estar dentro do contexto; Bem o mundo em que eu estava, parecia uma obra de arte das mais raras, assim como imagino ser a nossa terra a mais ou menos uns duzentos ou trezentos anos atras.
Gente! Era lindo! Era muito lindo; O que via e ouvia, me fazia borbulhar de alegria.
Comecei a andar devagarinho por aqueles campos, prestando atenção em tudo que poderia ver e ouvir, cheguei a margem de um lago, fiquei impressionado com a limpeza de suas águas, que por sua vez, refletiam o céu com tamanha perfeição, que visto dali, o mundo parecia ter dois céus, azuis com raras nuvens brancas, esparsas e autenticadas pela natureza, eram uma obra única, paisagem que nenhum artista plástico por melhor que fosse, poderia definir.
Vi peixes enormes, pequeninos, médios, amarelos, azuis, encarnados, dourados, prateados, e de todas as cores formas e jeitos que pudessem existir.
Encontrava-me nesse transe, quando dei por um riacho que trazia suas águas ao lago, era bastante caudaloso, possuía diversas pedras, era como uma de nossas cachoeiras, sem nenhuma queda grande, mas havia aquela corredeira comum nos rios que são providos de cachoeiras, o ruído das águas a passar pelas pedras, era doce e constante.
As margens do rio eram ladeadas, por árvores de médio e grande porte, como se fosse um bosque, um frondoso bosque, em suas sombras descansavam uma família de felinos, (leões), eram ao todo cinco leoas e um leão, havia também dois filhotes que aparentavam a mesma idade e estavam a brincar com uma fruta que parecia uma laranja muito grande, me espantou a meiguice dos animais pois não me estranharam, nem deram o menor sinal de agressividade.
Continuei caminhando, agora a procura de um lugar para descansar, pois já estava ficando exausto de tanto caminhar, logo encontrei uma árvore frondosa, era um carvalho enorme com uma sombra realmente convidativa, a relva em sua volta era baixa, pastavam próximos, uns três coelhos, achei que havia encontrado o lugar ideal para descansar, encostei-me ao seu caule e senti que o sono vinha chegando, comecei a bocejar e...
Acordei em minha cama dentro de meus aposentos.
Foi assim a minha noite de 23 para 24 de abril de 1998.