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Contos-->A PIRACEMA -- 30/04/2000 - 12:53 (A. Aurelio Teixeira Pinto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Este fato se deu, num dia do mês de julho de 1983, nas proximidades do município de Altamira Pa, num pequeno “igarapé” que afluencia o médio “Xingu”.
Era manhã ensolarada de “inverno”, corria suave o vento do sul, balançavam a copa das árvores, vergavam docemente os bambuais; era um dia fresco, e o riacho parecia conversar com os peixinhos que nadavam incansavelmente na tentativa de subir o curso d água.
Assim percebi que havia neles, a intenção de buscar novos horizontes, talvez para proceder a desova e assim formar novos colônias.
Via-os muitas vezes, lutando incansavelmente, mas na tentativa de subir as pequenas corredeiras existentes em função das chuvas daquela madrugada, alguns deles, saltavam tresloucadamente para a morte, pois eram jogados de encontro as pedras, ou terminavam por voltar ao ponto de partida, começando assim uma nova batalha.
Fiquei ali, estarrecido, tentando compreender o que se passava naquelas mentes cujos corpos brilhavam ao Sol, ofuscando-me as vistas, tal era, o grande número de peixinhos que formavam o cardume, que se ocupava daquele empreendimento.
Resolvi subir o igarapé, vi que alguns em sua batalha desesperada pela sobrevivência, caiam fora da água; comecei então a ajuda-los colocando-os novamente a correnteza para que continuassem sua caminhada.
Com o passar das horas, o nível das águas foi baixando e muitos deles ficaram presos as poças que se formavam com a baixa das águas.
Permaneci ali devolvendo-os a água, participei emocionado da luta daqueles heróis da natureza, minúsculos seres que ora pareciam querer ensinar-me que na luta para manter os nossos ideais, devemos ter a fibra, a perseverança e a determinação dessas minúsculas criaturas, que para perpetuarem a espécie, empreendem essa dolorosa batalha; nem que para isso haja o sacrifício da própria vida, pela pró existência da espécie.

Recebi então daqueles peixinhos, uma verdadeira lição de vida, de amor e de afeto...

Se o ser humano espelhar-se nos peixinhos e souber tirar proveito dessa lida, poderá ainda não ser tarde, para que a natureza seja então perpetuada.

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