Carolina não é bonita. De origem italiana, grandalhona e forte, não é muito alta, mas é larga, com corpo até que bonito e tem a bunda grande como brasileiro gosta. Comparando com o seu tamanho, os seios são pequenos com o torax fundo no centro, meio esquisito. Os olhos verdes são bonitos e a pele, bem clara, é manchada de sardas. Sempre que vai à praia volta vermelha como pimentão. Por causa do tamanho da bunda tinha o apelido de "Bundislina" entre as amigas. É um tipo de mulher discreta e não se veste de modo provocante, é sempre educada e incapaz de maltratar alguém com respostas grosseiras, mesmo que esse alguém não se porte educadamente. Poderia passar despercebida e ser considerada uma sonsa, razão pela qual esta história poderá parecer inverossímil.
O que vou contar se passou há mais ou menos 14 anos. Era casada e tinha um filho de 7 ou 8 anos. O marido era o dobro de seu tamanho, gordo e alto. No entanto, quando, entre as amigas de serviço a conversa rolava sobre as intimidades delas e comentavam sobre tamanhos de penis, ela mostrava uns 5 centímetros de tamanho com o polegar e o indicador, referindo-se ao marido, e todas riam.
- Verdade, Bundis?
- E duro! respondia.
Trabalhava bastante, tanto na empresa onde era sub-chefe, como em casa onde costumava acordar às 5 horas para preparar o almoço e deixar tudo arrumado antes de sair. Um "pé-de-boi"! como dizia sua chefe. Um dia engraçou-se pelo gerente, ou o gerente é que se engraçou por ela, iniciando a "catequese" com as tão famosas "cantadas". E aos pouquinhos, cercando a presa de todos os lados, a foi consquistando. Saíam após o serviço para tomar um chopinho. Sendo ele também casado, aconselhavam a ambos para que tomassem as devidas precauções e que ele fosse mais discreto. Tomavam o maior cuidado no começo, mas com o tempo ficaram confiantes e esqueceram-se dos cuidados que os amantes devem ter para que os traídos não levem, de repente, um choque e fiquem enfurecidos.
Um dia ela faltou ao serviço, o que era raríssimo, quase impossível mesmo. Motivo de preocupação para quem sabia que, no dia anterior, os dois tinham saido juntos no final do expediente. O gerente, nervoso e descontrolado, procurou uma das amigas e contou que o marido de Carolina tinha ido até o serviço e a ficou esperando na saída. Como Carolina já tinha saído, ele foi para o ponto de ônibus e aguardou, com paciência, que ela chegasse. Ele teve paciência de ficar esperando, com a certeza de que à pé, ela não iria para casa. Esperto, e conhecendo a mulher que tinha, cercou-a de modo que ela não tivesse escapatória. O susto dela foi muito grande!
- Onde voce foi? insistia o marido irado e possivelmente com vontade de já ir batendo antes de perguntar, certo de que ela saberia porque estava apanhando.
- Fui tomar um chope com o pessoal do serviço, respondeu assustada.
Nunca tinha bolado um discurso para o flagrante. Inventar uma boa desculpa na hora foi tão difícil que, em dois minutos, ela entregou todo o ouro para o bandido.
- Com quem?
- Com o pessoal do serviço.
- Quem?
- A Rita, a Isabel, o namorado dela o Márcio, respondia a esmo, sem raciocinar direito. O interrogatório continuava, a desconfiança aumentava e ela sem saber o que dizer, queria que o mundo se abrisse aos seus pés.
-Então me dá o telefone da Rita que vou ligar pra ela e saber se é verdade essa história.
Engasgou nas explicações e começou a chorar e, sem saída, contou toda a verdade. Não soube mentir, como geralmente o homem faz, sem medo e sem vergonha na cara, negando e negando mesmo que as evidências estejam alí, na ponta do nariz.
- Pode ligar, ué! deveria ter respondido, deixando para aguentar as consequências mais tarde. O marido, certamente, não ligaria. E o medo do comentário? Ser motivo de chacotas onde a mulher trabalhava?
Porém, ficou pior para ele o que aconteceu depois.
O marido a proibiu de voltar ao serviço, exigindo que pedisse demissão, ia esmigalhar o gerente no dia seguinte e contar tudo para a mulher dele. De alguma maneira, a pobre infeliz conseguiu telefonar e avisar o tal gerente na empresa.
Reuniram-se então o gerente, o diretor, a amiga e outros gerentes amigos que sabiam do caso para saber o que fazer para evitar o escândalo, salvar o "Don Juan" da surra e evitar que a ótima funcionária pedisse demissão. O "Don Juan" resolveu encontrar-se com o marido para conversar, o que, na opinião de todos, seria uma temeridade. Como tinha férias vencidas, acharam que seria melhor que Carolina as gozasse, merecidamente, até que o acontecimento fosse esquecido pelo infeliz marido.
O gerente, de galinho machão emproado, virou um rato acuado. Marcou encontro com o marido para conversar, pois não era bem o que ele (o marido) estava pensando. Bem, nessas alturas, o que o marido pensava era que ele não passava, no mínimo, de um belo corno manso.
No dia do encontro, os amigos armaram uma estratégia de guerra, pois tinham certeza de que o marido iria dar um tiro no amante da traidora. Sairam mais três gerentes e o próprio diretor para acompanhar, de longe, a interlocução dos dois infelizes e inte rvirem no caso de algum entrevero. Um dos gerentes, nervoso e atrapalhado voltou à empresa assustado, pois tinha perdido os dois de vista.
Mas, correu tudo bem, os dois conversaram sem que fosse preciso qualquer intervenção da polícia. Explicou para o marido traído que tinha sido invenção de sua esposa, que saiam sempre em turma para tomar um chopinho, que para provar o que dizia iria com a mulher até sua casa, que estava tudo bem, blá, blá, blá... que, parece, colou.
Na mesma semana foi até a casa de Carolina acompanhado da mulher, para quem teve que contar, não a história verdadeira, mas a mesma que contara ao marido traído. Carolina, mais tarde, disse que foi um encontro ridículo e de muito mal estar para todos.
Após passar as longas férias sendo vigiada pela família e o marido, e continuar sendo vigiada ainda por um bom tempo, Carolina voltou a trabalhar. Afinal, ganhava bem e o marido, que estava desempregado, não.
E o tempo passou e tudo voltou ao normal. Normal? Carolina aprendera a lição? Pois sim! Os sonsos são os piores. Já diz um velho ditado que a mulher trancada dentro do guarda-roupa trai o marido com o cabide. O tempo ajuda no esquecimento, uma grande tragédia hoje é um fato corriqueiro amanhã, deixando apenas pequenas marcas de lembranças desagradáveis.
Um dia esqueceu-se do sufoco que passara e passou a se encontrar com um português, dono de um bar perto da empresa e, por uma dessas armadilhas do destino, ficou grávida. A armadilha não foi porque engravidou, mas sim porque não sabia quem era o pai: o marido ou o português.
Sua preocupação e inquietude iam aumentando junto com a barriga. Quando o bebê nascesse, o marido saberia que não era dele. Como teve relação, primeiro com o marido, à noite e na manhã seguinte com o português, o bebê não seria do marido? Era um argumento esperançoso, sentenciando o descarte dla possibilidade de quem chegou depois.
A amiga, revoltada com tanta irresponsabilidade, quase brigou com Carolina:
- Mas, voce é louca é? Custava voce tomar cuidado para não engravidar, pelo menos? Não bastou o sufoco que voce já passou?
Mas depois ficava com pena da amiga, tanto era seu desespero. Carolina jurava, desesperada:
- Juro por Deus que nunca mais na minha vida, nunca mais!
Contava e recontava os dias do atraso da menstruação para ter certeza que era do marido. O tempo todo só chorava. A família e o marido ficaram preocupadíssimos. Prometia que nunca mais ia ter um caso com alguém.
- Ai, meu santinho! gemia.
Contou para as irmãs o que a preocupava e porque chorava tanto. As irmãs a consolaram, deram-lhe apoio, foram nove meses de sufoco e sofrimento. Apesar de tudo, entretanto, era admirável a sua postura no serviço, trabalhando normalmente com responsabilidade e dedicação.
Finalmente o bebê nasceu. Um lindo menino de cabelos bem pretos. Parecido com o pai, acharam; o pai, no caso, o marido. Acabaram o sofrimento, o medo e as preocupações. Voltou a ficar tranquila e continuou a levar a sua vidinha normalmente.
E o bebê? É filho do marido ou do português? Dizem que nem ela sabe! Este caso me foi contado por um amigo que jura que é verdade. Eu não acredito muito, não!