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Contos-->O Último Beijo -- 03/05/2000 - 05:40 (Gustavo Rodrigues F Gomes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
(...) Caminhamos em direção ao lago. À sua margem, sentamo-nos na grama, despreocupadamente, embora meu coração palpitasse acelerado (...) Não conversamos mais nada. Apenas observávamos.
As folhas cinzas das árvores agora adquiriam uma tonalidade avermelhada; suas sombras se estendiam horizontalmente, tingindo a grama com seu cinza sombrio, em um mescla incompreensível junto da pálida luz vermelha do sol poente; os passarinhos agora se recolhiam ante ao vento frio que começava a soprar, enquanto os últimos pedestres caminhavam apressados na marcha de volta a suas casas; o céu escurecia, as primeiras estrelas pontuavam o firmamento com seus brilhos inconstantes (...) Meus olhos se dirigiam esponteneamente ao rosto lindo da Carolina que assitia inebriada à cena, ao mesmo tempo em que seu pensamento era remetido a algum lugar distante, a um momento único. O vento cessa, o silência paira; o sol se pusera finalmente.
Peguei em sua mão. Ela olhou para mim. Olhei-a nos olhos, profundamente. Seu rosto suave, quase como uma pluma, seus lábios volumosos, seu olhar encantador, direcionado a algum ponto entre o lago e o horizonte... Ah, como me dói relembrar aqueles momentos!
Eu apenas a contemplava, extasiado pela sua beleza. Meu coração arfava ao suave influxo da paixão que me submergia. O vento balançava seus cabelos, agora levemente ondulados e em perfeita sintonia com a brisa fria que trazia-me de seu corpo um mavioso eflúvio cálido, inebriante. Extático, assisti ao lascivo sorriso que ela me direcionou em meio ao silêncio desconcertante que nos separava. Meu coração palpitante, meu corpo ansiando o momento de tê-la aos meus braços... Fui acometido finalmente pelos assomos de um beijo ardente que parecia dominar todo o meu corpo e inconscientemente, impelido pela sua beleza férvida, aproximei meus lábios dos dela. Beijara-a finalmente, Um beijo suave, lívido, mas pungente, que estremece e acalenta a alma e o corpo, como o sol que surge anunciando sua chegada tão esperada e num único momento, seus raios se deitam lânguidos sobre o corpo. Abracei-a forte e senti sua cútis facial tão delicada quanto um pêssego atritar-se ao meu rosto.
Foi a última vez que a vi.
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