--- Pois não; meia nove meia três.
--- Huuum, que chique! Quem está falando?
--- Com quem você gostaria de falar?
--- Quem está falando?
--- Por gentileza, desculpe: foi você quem ligou, e certamente sabe com quem deseja falar.
--- Ahhn... O Toni estaí?
--- Não, não está. Gostaria de deixar recado?
--- Quem é você?
--- Até hoje não encontrei a resposta. Desculpe, não queria insistir: a senhorita (presumo que seja uma senhorita) gostaria de deixar nome, telefone ou recado para o Toni. Com certeza ele ligará para você.
--- Sim... é... bem... Qual é seu nome?
--- Você não disse o seu. Ademais, senhorita, estou muito ocupado agora...
--- Mas você não pode me dizer seu nome?!
--- ...e somente atendi o telefone por obrigação...
--- Me diz seu nome!...
--- e estou falando com você por educação, não por vontade.
--- Puxa!
--- Desculpe, senhorita; não quer mesmo deixar recado? Vou desligar. Como disse, estou muito ocupado.
--- Você tem uma voz bonita!... O que está fazendo?
--- Antes de atender o telefone, eu havia matado o Toni e estava terminando de esquartejá-lo. Passe bem, senhorita.
No enterro dos restos mortais de Toni, uma dúvida: devia-se abrir ou não o caixão para colocar nele um pedaço dos intestinos de Toni que um cachorro recém-aparecido teimava em não largar?