"(...) rodeando a cama, foi até a cabeceira. Os braços abertos, um deles balançando na borda da cama, o corpo relaxado; as pernas abertas de Magda aguardavam. Impacientes. - Vai, mulher, que estás esperando? - obedecendo imediatamente, colocou as mãos sobre as costas da outra e lá as deixou, quietas, patetas. Sentindo. Pelas palmas abertas, por todos os dedos, o calor daquele corpo penetrou por eles formigando e subindo à face, lá se alojou anuviando seu olhar. Incômoda de pé, ajoelhou-se na borda da cama. Então, obedecendo ao impulso, acariciou a pele branca, mas sem jeito, de maneira brusca. - Esse frasco rosa é creme - maquinal, pegou o frasco e o abriu, derramou abundantemente, sem conseguir evitar parte dele cair também no dorso de Magda. Esta se arrepiou ao sentir o líquido cremoso e frio sobre si, contraiu as nádegas em lenta fricção. - Gostoso. Trepa na cama, em cima de mim, avec plaisir - com dificuldade, ela obedeceu, mantendo as mãos afastadas e levantadas, semelhante a cirurgião preparado para operação. De joelhos, tinha entre as pernas o corpo de Magda se aquietando, aguardando. Jandira se inclinou e, com as mãos espalmadas nos ombros, apertou, massageou. (...) E o que estava sendo bom subitamente a assustou. Magda virou-se de repente, ficando cara a cara com ela. Jandira parou com as mãos levantadas e lambuzadas, sem saber o que fazer. Magda sabia: A sensação de seus dedos entrando pela sua calcinha foi um assombro grato que lhe acelerou a respiração, aumentou as batidas cardíacas e lhe fez morder o lábio. Aquela mulher sempre fora boa. Alguém colocara os dedos dentro dela desse jeito? Quem a acariciara desse modo? Alguém a puxara de leve pelos braços até chegar tão perto de seu rosto que a união de suas bocas foi inevitável? Quem mordiscara seus lábios molhados e pusera daquela maneira a língua dentro dela? Arrancara blusa, sutiã e sugara seus seios assim, sem machucar, como um bebê safado? Santo Deus, ninguém! Dona Magda era tão gostosa, tão perfumada, as mãos não paravam quietas, o corpo molhado apertava e esfregava com tanto ardor... macio. Macio como seus lábios grossos de língua rósea. Dona Magda!"
Extraído do capítulo:"Ricardo Alvarenga, Jantar Je ne sais quoi e Gorjeta Inesquecível Esperam Magda e Jandira se Conhecerem Melhor."
Do romance A CENA MUDA de Miguel Angel Fernandez