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Contos-->uma vigem de trem -- 20/02/2002 - 13:07 (alvaro melo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quando o relógio marcava 22:55 abracei minha mala, como quem abraça a namorada, e começei a correr desesperadamente como se a polícia estivesse atráz de mim, pronta para me agarrar.
A estação era imensa e se perdesse esse trem, que partiria em cinco minutos, teria que esperar um dia inteiro até embarcar no trem que me levaria de volta a Berlim. Os últimos seis dias passaram voando e, apesar de ter explorado o máximo que pude, ainda existiam muitos lugares a serem descobertos na Varsóvia.
Quando embarquei no trem ouvi um apito e logo em seguida as portas se fecharam e o trem começou a andar. O suor que emanava de meu rosto misturava-se com os pingos de chuva que desciam pelos meus cabelos, encharcando ainda mais meu corpo e minha roupa molhada.
Era um dia frio, cinzento e chuvoso e estando hospedado apenas a dois blocos da estação imaginei que a chuva que caia não me molharia muito. Não me importava o quão molhado ficava, nunca tinha tomado banho de chuva na Polônia, não sabia quando voltaria novamente a esse país. Depois de recuperar o fôlego procurei por uma cabine vazia e confortável pois sabia que a viagem seria longa. Ao deixar minha bagagem numa cabine voltei ao corredor do trem onde,de uma janela, começei a obeservar a cidade que ia passando diante de meus olhos.
Abaixei o vidro e ao colocar a cabeça para fora, notei que a estação ia ficando cada vez mais distante e menor com cada segundo que passava. Apesar de sentir me um pouco triste, uma certa euforia começava a engolir a tristeza que me acompanhou durante o dia inteiro. Berlim deveria ser, de acordo com o guia que carregava para todos os lados, uma cidade exótica e diferente. Algo dentro de mim dizia que algo gostoso iria ocorrer durante essa parte de minha viagem pela Europa.
Olhava atentamente às nuvens que começavam a se dissipar no horizonte dando lugar as estrelas do céu quando, repentinamente, ouvi uma voz dizendo algo que não podia compreender. Continuei a admirar a paisagem da janela do trem. Não via muito além da escuridão da noite, casas e as luzes das ruas que iluminavam as poucas pessoas que corriam procurando abrigo da chuva que ainda continuava a cair. Mais uma vez ouvi a mesma voz dizendo palavras que mais uma vez não compreendia.
Quando olhei ao meu redor notei um jovem, que aparentando não mais que vinte anos e, olhando dentro de meus olhos, repetia mais uma vez algo que não podia entender. Ao reparar que não respondia o que havia me perguntando, o jovem que usava um uniforme verde, botas pretas e um bone que combinava com sua farda perguntou-me com seu inglês quebrado "Are you American?" Ao abrir um pequeno sorriso respondi-lhe que não era americano e sim brasileiro. Ouvi as palavras Pelé, futebol e samba sairem de sua boca mas descobri, depois de uma sentença ou duas, que o jovem soldado não falava inglês e que seu vocabulário era muito limitado. Apontando para a cabine onde havia deixado minha bagagem convidei-o à alojar-se. Durante as horas seguintes tentamos nos comunicar em inglês, português e polonês e, apesar da frustação que sentiamos de vez enquando, pudemos bater um papo até que gostoso. Descobri que seu nome era Yuri, que vinha da Varsóvia e que estaria servindo o exército pelos próximos dois anos. Descobri tambem que estava a caminho de sua casa em Prosnan, uma cidade três horas de viagem. Consegui dizer-lhe que, apesar de ser brasileiro, morava em Nova Iorque, que estudava e que minha família morava no Brasil. Nosso bate papo era interrompido toda vez que o trem parava em uma estação e eramos abordados por transientes vendendo ilegalmente garrafas de cerveja. Descobri que cerveja polonesa é boa mas que poderia ser melhor ainda se estivese gelada. Entre muitas paradas e muitas cervejas chegamos a estação de Prosnan. O jovem soldado pegou sua mochila, deu me seu endereço, pediu para mandar um postal de Nova Iorque e desembarcou. O trem ficou parado nessa estação por volta de 20 minutos e para a minha surpresa uma bonita garota bateu à porta de minha cabine e perguntou em inglês: "Poderia alojar-me nessa cabine com você?" "As demais cabines estão cheias." Havia seis poltronas em cada cabine, oito cabines em cada vagão e o trem era composto por doze vagões. Para a minha sorte, somente eu ocupava a cabine em que me alojava. Respondi: "Claro que sim, não há mais ninguém, além de mim, alojado nessa cabine." Com um sorriso largo e apontando para a poltrona disse: "Seja minha convidada." Ela colocou sua bagagem junto com a minha e começamos a conversar quando, subitamente e para a minha surpresa, alguém abriu a porta da cabine.
Yuri, o jovem soldado, estava de volta com sua bagagem. Fiquei com a pulga atraz da orelha pois ele tinha me dito, ou pelo menos havia entendido, que ele estava a caminho de Prosnan, a estação que o trem acabara de deixar. Os dois começeram a conversar em sua lingua natal enquanto que eu, apenas sorria e nada entendia daquilo que se dizia. A bonita polonesa por vezes conversava comigo. Contou me que seu nome era Joanna e estava a caminho de Berlim. Abri um sorrizo, teria companhia até o fim da viagem. Disse que aprendera inglês com uma americana que vivia na Polônia e que sentia um desejo imenso de conhecer Nova Iorque.
Constantemente eramos interrompidos pelo jovem soldado que, a essas alturas, estava mais interessado em conversar em polonês com ela do que aprender algumas palavras em inglês ou português. Várias vezes Joanna disse que não entendia o porque dele ainda estar no trem uma vez que seu destino era Prosnan. Simplesmente respondia à ela que ele estava interessado nela. Após 45 minutos sem muito sucesso o jovem soldado, já frustado, pegou sua mochila, abriu a porta da cabine e, sem olhar para traz e dizer adeus, desceu na estação seguinte. Olhamos um para o outro e começamos a rir.
A linda polonesa me explicou que o jovem soldado varias vezes tentou convencê-la a descer na estação seguinte e passar a noite com ele. Me disse também que o jovem soldado teria que esperar três horas por um trem que o levaria de volta à Prosnan. Ofereci-lhe uma das cervejas que ainda restavam e começamos a bater um papo bem descontraido. Me disse que estava a caminho de uma cidade próxima a Berlim e que iria visitar alguns amigos. Contei-lhe sobre mim, minha vida e minha viagem pela Europa. Levantei-me de minha poltrona para fechar a janela e notei que as nuvens já haviam se dissipado. Notei também a lua que, brilhando no céu, encobria o brilho das estrelas que estavam ao seu redor. Apaguei a luz da cabine e começamos a conversar sentados um ao lado do outro.
A luz do luar que entrava pela janela dava um toque de sensualidade e beleza na cabina que era agora ocupada somente por duas pessoas. Quanto mais conversavamos mais a conversa fluia até que, repentinamente, paramos de falar e começamos a olhar um ao outro intensamente. Seus cabelos eram longos e dourados o que me fazia lembrar dos raios do sol surgindo por detráz das nuvens.
Seus olhos, azuis como a cor do céu, davam um toque de magia a um rosto que parecia pertencer a um anjo. Devagarinho nossos rostos começaram a se aproximar. Podia ouvir agora sua respiração que transformava-se em suspiros e pude sentir um suspiro transformar-se em beijo.
Ao beijarmo-nos nossos braços se entrelaçaram fazendo que sentisemos o verdadeiro calor humano de nossos corpos. Nossos olhares misturavam se entre beijos, suspiros e o desejo imenso de amar e ser amado. Os beijos se intensificavam com o movimento do trem. Beijava agora não só sua boca mas também seu rosto e seu poscoço e a cada minuto que passava o calor da cabine aumentava. Removi a camiseta que mais uma vez começava a ficar molhada com o suor de meu corpo. Ao desabotoar sua camisa, notei que a linda deusa usava um sutiã branco, de renda. Sussurando em meu ouvido pediu-me para removê-la. Notei que ela mordia levemente os lábios quando o sutiã passava por entre seus braços. Pude notar também o luar iluminando seus seios pequenos e seu corpo dourado. Era difícil descrever essa sensação gostosa de ser amado.
Quanto mais nos tocavamos mais o desejo crescia. Paramos por um momento para admirar um ao outro. Ela usava uma calcinha branca de renda que deixava exposta parte de seu traseiro arrebitado. Ela tinha uma pele clara, claro como o raio da lua que iluminava esse ritual de amor. Riu levemente do shorts de flanela que cobria meu desejo. Com um sorrizo maroto perguntou "Calvin Klein?" Respondi: "yes, and it s very confortable." Olhando em seus olhos lhe disse em português: "Você é uma delícia sabia?" Logo em seguida perguntou-me o que havia dito. Simplesmente disse que não dava para traduzir para o inglês, caso contrario perderia o verdadeiro significado. Apenas disse que era um elogio profundo.
Entre um beijo e outro notamos que estavamos rolando no chão, nus em cima do saco de dormir que carreguei durante toda minha viagem. Sua pela era macia e arrepiava sempre quando beijava e mordia seu rosto, seu pescoço, seus seios e sua barriga. Toda vez que descia com minha lingua abaixo do umbigo, seu corpo explodia de amor, prazer e paixão. O relógio marcava 5:15 da manha quando, já cansada, adormeceu em meus braços. Com muito cuidado para não acordá-la coloquei um travesseiro embaixo de sua cabeça e a cobri com o cobertor vermelho que acompanhava meu saco de dormir. Sentei me novamente na poltrona, próxima a janela. A lua que ainda brilhava no céu já ia dando espaço para mais um dia que se aproximava. Enquanto sentado contemplava a vida e a noite maravilhosa que tinha acabado de viver. Me sentia cansado, me sentia vivo. Nunca tinha imaginado que algo assim iria me aconteçer.
O sol já ia despontando no horizonte quando resolvi deitar-me a seu lado, para algumas horas de sono. Subitamente senti sua mão acariciar meu peito e, logo em seguida, sua boca beijava a minha. Fizemos amor durante os próximos 45 minutos e bastante cansados dormimos abraçados ao outro.
Quando me dei por conta, acordava com a batida na porta da cabine. O relógio marcava 9:25 da manha e Joanna, já vestida e arrumada, dizia que era o fiscal do trem que voltava para checar os passaportes. Levantei me as pressas e, colocando a calça , camiseta e botas em menos de 15 segundos, entreguei meu passaporte ao oficíal que já ia entrando. Deveria ser do exército pois usava uma farda verde, semelhante àquela que vi anteriormente no jovem soldado. Entreguei-lhe meu passaporte e disse que havia gostado muito da Polónia, especialmente da viagem de trem.
A linda deusa traduzia o que dizia enquanto o oficial examinava o retrato de meu passaport. Acho que não via um passaporte brasileiro fazia tempos pois levou quase uma eternidade para me devolvê-lo. Ao sair da cabine sorriu e, com um forte sotaque, disse "have a nice day." Permanecemos abraçados durante o resto da viagem batendo papo, beijando-nos e tentando descobri um pouco mais sobre cada um. Chegamos na estaçao de Berlim as 10:45 da manhã. Me disse que seu trem partiria as 16:20 para a cidade a qual se destinava. Convidei-a para ficar no hotel no qual me hospedaria, assim poderia tomar um banho, descansar um pouco e comer algo. O táxi não demorou muito a chegar ao hotel e ao colocar nossas malas no chão do quarto, começamos a rolar novamente entre beijos e abraços, só que desta vez numa cama macia e não no chão duro de uma cabine de trem.
As cinco horas que ficamos juntos passarem se entre cenas de amor de filmes de cinema, xícaras de café e chá num café em frente ao hotel e passeios por um parque que ficava não muito longe da estação de trem. Joana contou me estava noiva mas que estava prestes a terminar o noivado pois ele fazia sua vida mais difícil do que já era. Tomando-a em meus braços assegurei-a de que no final tudo iria dar certo e que só não tinha dado certo ainda por que o final não tinha chegado.
Do hotel até à estação de trem não conversamos muito. Acho que estavamos ocupados desfruntado o lindo dia que fazia e os momentos que juntos tinhamos passado. Acho que tentavamos entender o porque de certos momentos da vida. Descobri então que a vida coloca certos momentos a nossa frente para que possamos desfrutá-los e sentir que ainda estamos vivos. Eu me sentia vivo.
Joanna me deu um forte abraço antes de embarcar no trem. Disse que ao meu redor se sentia segura e entregando um cartão em minhas mãos pediu para enviar-lhe um postal de vez em quando. Da janela do trem que já partia jogou me um beijo e disse "você estará sempre presente em meu coração." Sorrindo e olhando em seu olhos disse-lhe que aquela tinha sido a viagem de trem mais gostosa de minha vida e que também nunca iria esquecê-la....
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