A cerimônia do casamento de Artur e Estela foi um sucesso. A cidade de Vacaria, no sul do país, já exibia as primeiras folhas da primavera. O tempo sem chuva contribuiu para a presença quase integral de todos os convidados. Da firma onde ambos trabalhavam, só faltaram 4 pessoas. Até o Edu, que tinha algumas desavenças com Artur em função de diferenças profissionais (os maldosos diziam que era por causa de Estela), estava lá, ao lado de sua prima Olívia. Os rapazes estavam de olho numa chefia de um setor que estaria sendo criado dentro de 4 meses.
A fila de cumprimentos já estava quase no final. Edu acenou aos pais dos noivos, beijou o rosto da noiva e apertou a mão de Artur, enquanto passava o envelope azul ao mesmo. Artur agradeceu e de imediato o abriu. O cartão exibia em letras firmes e bem legíveis : “ que o casal de pombinhos possa desfrutar de uma inesquecível estadia em Manaus, terra onde Estela nasceu e morou até seus 12 anos “. Junto ao cartão, um protocolo de reserva de uma suite de luxo no principal hotel da região, já paga para 8 dias. E mais : duas passagens (1a. classe) de avião !
Durante a festa, o casal concluiu que abririam mão da fazenda da tia de Estela (localizada em Friburgo) a favor da estadia em Manaus. Não seria fácil visitar a terra natal tão breve por conta própria. Durante uns 2 anos teriam de economizar todos os centavos possíveis.
Na manhã do dia seguinte, embarcaram felizes para o cruzeiro do amor. Chegaram ao destino após 9 horas de vôo chuvoso. Pegaram o taxi e rumaram para o hotel. No saguão, foram recepcionados com enorme delicadeza. Quando chegaram ao quarto, o envelope azul caiu do casaco de Artur. Estela abaixou-se para pegar os papéis. Ficou paralisada por uns 4 segundos. Finalmente exclamou :
- Tutu ! Você notou que estas passagens são apenas de ida ?