Quando eu tinha 18 anos, fui convocado para o serviço militar obrigatório. Escolhi a Aeronáutica porque, além do uniforme impressionar mais as meninas, eu adorava aviões. As coisas não aconteceram exatamente como eu planejei. Talvez eu não tenha tido tempo suficiente. Afinal, tudo mudou depois daquela noite no alojamento...
Aquele turno estava tedioso demais. Não via a hora de ser rendido. Quando fui para o alojamento, não me sentia cansado o suficiente para dormir. Mesmo assim, sabendo que levantaria cedo, estava disposto a ir para cama. Abri a porta e quando ia acender a luz, ouvi uma voz feminina:
- Eu, se fosse você, não faria isso.
Entrei, fechando a porta atrás de mim. Conhecia aquela voz doce e sensual. Vi sair pouco a pouco da penumbra aquele espetáculo de mulher, usando um vestido branco justíssimo ao corpo. Não havia dúvida: era Lígia. Fiquei fascinado com sua aparição. Havíamos nos conhecido numa danceteria e passado bons momentos juntos. Pensei que jamais a veria outra vez, mas lá estava ela...
_ Como me descobriu aqui?
_ Surpreso? Eu não lhe disse que quando eu quero uma coisa eu consigo?
Ela aproximou-se lentamente, afastou uma das alças do vestido com um sorriso provocante nos lábios rubros, uma das sobrancelhas levantadas, e um olhar devorador! Caminhava como se flutuasse a poucos centímetros do chão. Agora foi a vez da outra alça, que deslizou pelo ombro esquerdo suavemente, deixando seu colo completamente descoberto... Podia vislumbrar seus mamilos rijos através da transparência do tecido... Uma das janelas entreabertas permitia que a luz da lua entrasse, iluminando Lígia, que de repente parou a poucos passos de mim, afastando ligeiramente as pernas, de forma sensual e insinuante. Enfeitiçado, não conseguia tirar meus olhos daquele corpo. Minha atenção foi despertada pela visão do desenho escuro e simétrico dos pelos pubianos. Ela estava sem calcinha!
Lígia envolveu-me num abraço demorado, suas pernas roçavam as minhas, suas mãos percorriam minhas costas enquanto sua língua passeava pelo meu pescoço, arrepiando-me. Tive a sensação nítida de estar voando.
Lígia era uma sereia na mitologia greco-romana.
- Feche os olhos. Ordenou Ligia, enquanto me dava um longo beijo.
Empurrou-me para trás até uma das camas, sentando-se no meu colo, e sussurrou nos meu ouvidos: "Abra os olhos"
Não pude crer no que via! Estávamos na cabine apertada de um avião, há mais de dois mil metros de altitude!
_ Mas como!... gritei estupefato.
_ Psiuuuuu... não diga nada, apenas sinta...
Desabotoou o zíper da minha calça e colocou sua mão dentro, acariciando demoradamente meu membro, há muito excitado, subindo e descendo a mão de um jeito que me enlouqueceu. Minhas mãos tocavam-lhe os seios cada vez com mais volúpia! Então ela segurou meu membro com força e olhou-me com brasa nos olhos, beijando-me loucamente... Minhas mãos deslizaram por entre suas coxas até alcançarem seu sexo, encontrando-o quente e úmido. Ela gemeu baixinho. Com as duas mãos segurou-me o rosto, obrigando-me a encará-la. Não sei se foi delírio meu, mas sem que ela mexesse os lábios, pude nitidamente ouvi-la sussurrar: "Quero você dentro de mim, agora!"
Não pude nem queria resistir a esse chamado. Segurei fortemente sua cintura, puxando-a para cima de mim, sentindo seu corpo moldar-se ao meu com perfeição. Desvairada, cavalgava-me cada vez mais rápido, enquanto através da janela do avião, eu olhava as nuvens passando e o céu estrelado. O êxtase chegou fulminante, percorrendo todo o meu corpo.
No dia seguinte, acordei na minha cama completamente nu, com os meus companheiros de alojamento olhando-me sarcasticamente. Brincaram comigo, dizendo que eu precisava urgente de uma mulher, senão enlouqueceria. Todos queriam saber como havia sido o sonho. Sonho?!? Impossível! Foi tão real que era possível sentir o perfume e o calor do corpo de Lígia.
A sirene tocou e todos foram assumir seus postos. Levantei-me apressadamente, puxando o lençol e amarrando-o na cintura. Vi quando caiu um pedaço de papel. Curioso, peguei-o e li: "Alexandre, não foi um sonho. Eu provarei a você. Encontre-me essa noite às 23h no hangar 46. Lígia"
- Soldado, sentido! – era o Sargento. Escondi como pude o bilhete e coloquei-me em posição de sentido.
- Você está atrasado soldado! Apresse-se ou vai para cadeia!
- Sim, senhor! – respondi, correndo para o banheiro
Passei o dia pensando no que acontecera e no bilhete. Será que o pessoal estava tentando me pregar uma peça? Mas, como saberiam o nome dela? Talvez eu tivesse dito durante o “sonho”... Resolvi arriscar.
Foi preciso convencer um colega a trocar o turno. Chegando ao hangar 46, avistei dois aviões e mais nada. Só podia ser armação. Estava desistindo quando ouvi uma voz familiar às minhas costas:
- Não está pensando em desistir, não é?
Assustado, voltei-me e deparei com Lígia, estonteante num vestido longo vermelho, do tipo tomara que caia... Encarando-me sedutoramente, ela encostou seu corpo ao meu e disse:
- Isso parece um sonho?
Agarrei-a e beija-a longamente. As mãos de Lígia percorreram minhas costas, causando-me arrepios. Era como se não tivéssemos nos separado nem por um segundo, o desejo tão intenso quanto na noite anterior.
- Vem comigo! – disse arrastando-me para dentro de um avião cargueiro.
Qual não foi minha surpresa quando entrei no avião e vi uma enorme cama de casal, com uma pequena mesa na lateral, um balde de gelo com champagne e duas taças. Antes que pudesse dizer qualquer coisa, Lígia me jogou na cama, colocando-se sobre mim. Beijou-me rapidamente e ficou em pé sobre a cama. Dançando provocantemente, começou a despir-se. Retirou o vestido deixando à mostra uma lingerie sexy com cinta-liga. Impetuosamente, retirei meu uniforme sem no entanto tirar meus olhos de Lígia. O sangue fervia em minhas veias. Queria possuí-la rapidamente, sem preâmbulos. Estranhamente, ouvi sua voz em minha cabeça, como se fosse um pensamento meu:
- Vem, querido! Faça o que você está com vontade... Possua-me!
A partir desse momento, perdi completamente o juízo e agarrei-a. Rolamos na cama como dois animais selvagens. Finalmente, Lígia ficou em cima de mim, encaixando nossos corpos e movendo-se como uma tigresa. Minhas mãos estavam segurando seus quadris fortemente, acompanhando cada movimento. Pareceu-me que o avião estava em pleno vôo.
- Alexandre, quer ficar comigo para sempre? Responda!
- Sim, Lígia! – respondi sem prestar atenção ao que dizia. Tudo que eu queria era possuir esta mulher.
Foi neste momento que senti uma forte mordida no pescoço. Sem compreender o que se passava, entrei num redemoinho de sensações, onde a princípio desfaleci para depois sentir todo o meu corpo arder, até chegar a uma espécie de prazer inusitado e incomensurável.
Hoje, trinta anos depois, não sei por onde anda Lígia. Essa vampira me abandonou após alguns meses, quando se cansou de mim. Agora estou aqui, sozinho, em cima do prédio do aeroporto internacional, observando os transeuntes, buscando por um humano saudável, capaz de fornecer-me o alimento para minha sobrevivência.