Ela tentava a todo custo imprimir um rítmo acelerado em sua vida, porque buscava o sucesso.
O reconhecimento de sua competência era o sucesso almejado, mas só isto não lhe era suficiente, também a aparência muito lhe rendia, não que vendesse "aparências", mas acreditava ainda que a primeira impressão (visual) é a que fica.
Pensando assim, começou a apavorar-se com a chegada dos 40 e só então percebeu que precisava de manuntenção, cuidados, visto que a aparência já não era mais a mesma e alguns traços de expressão paraciam mais "expressivos".
Pensou em plástica, mas seria algo que chamaria muito a atenção, então optou por aqueles tratamentos de médio a longo alcance. Tratou de comprar o produto mais caro que havia na praça e seus devidos "kit s".
Começou uma maratona deveras cansativa. Era um tal de põe e tira creme interminável; não suportava mais aquela rotina; seu rosto não parecia mudar em nada e foi se cansando até que voltou a pensar na plástica e logo procurou o melhor cirurgião, marcou a operação e impôs as condições: - Quero ser uma nova mulher!
Terminada a cirurgia e aguardado o devido tempo, ela buscou um espelho e sofreu muito a partir daquele dia. De fato, tornara-se uma nova mulher como pedira, mas tão nova, tão nova, que havia se tornado outra e onde chegava e apresentava-se, não era mais reconhecida.
Precisou começar do zero. Construir nova identidade, conquistar espaço novamente e, ao se dar conta, tinha ficado velha em busca do sucesso e assim que ele chegou ela não tinha mais condições de usufruí-lo, pobre mulher da plástica...
