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Contos-->Mortal Barata -- 24/03/2002 - 04:36 (Guilherme Laurito Summa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Uma mãe, filha de um pai, casada com um marido e mãe de um filho, começa a se perguntar sobre diversos assuntos da humanidade:
— Porque será que inventaram a reciclagem?
O filho olha para a mãe com uma cara pasmada:
— Ora, se não tivessem inventado, estaríamos afundados no lixo!
O marido também entra no assunto e fala, como sempre, criticando:
— Eu acho que isso é mais uma obra do governo para ganhar dinheiro. Nossos impostos aumentam cada vez mais para pagara a eletricidade das fábricas de reciclagem e os lixeiros que levam as quantidades de lixo para lá!
O pai da mãe olha para o teto da casa e, criticando, imagina seus tempos de 1916:
— No meu tempo não existia a reciclagem, mas também nem tanta sujeira como hoje: culpa da tecnologia!
A filha, mãe e mulher, vira-se e concentra no pequeno aquário da casa, onde residia um lutador peixe da raça beta e, ligando cada fio do nervo do cérebro chega a outra dúvida:
— Porque há tanta violência no mundo?
O menino não perde a chance de criticar o assunto polêmico:
— Culpa das drogas! Eu é que não entro nessa! Tive um amigo, que tinha um amigo, que se viciou em crack e acabou morto!!!
O pai do menino se vira de forma brusca em direção a ele e novamente critica, furiosamente, mas sem o menor motivo:
— É a ambição pelo dinheiro, é a ambição pelo dinheiro, só pode ser! Essa é a explicação mais lógica!!! Os agentes da lei, como a própria lei diz, também são culpados: os policiais estão sempre envolvidos em escândalos que envolvem algum tipo de violência!!!
Falando sabiamente, agora concentrado, firmemente, na porta da cozinha, o velho senhor, diz, relembrando:
— Quando eu era garoto, uma amiga minha, levou uma pedrada na cabeça, numa briga de garotos, todo bairro ficou chocado. No outro dia, os pais do garoto que atirou a pedra na menina, espancaram-no e ninguém ficou chocado, era normal.
A filha, ouvindo atentamente as palavras do pai, pergunta diretamente a ele mesmo:
— Porque nos mudamos para São Paulo, se morávamos tão bem no Rio?
O homem olha, agora, fixamente, para ela, com uma cara de orgulho:
— Por que eu tinha uma valorosa proposta de emprego aqui! Sabe como é... naquele tempo, se não aceitássemos o melhor ficaríamos na pior...
O marido olha com uma cara para a mulher com um certo ar de inveja e fala:
— É... e o senhor se deu muito bem!
O menino, estava de pé, mas se senta, quando as reflexões começam a virar discussões, e começa a discutir com o avô:
— Eu preferia morar no Rio, com as belas praias de Copacabana e Ipanema!
A mãe se questiona com o marido, numa rápida mudança de assunto:
— Já está na hora de comprar outro carro, não acha? Nosso filho, daqui a pouco, vai fazer dezoito anos!
— Daqui a pouco? Daqui a três anos!
O garoto olha empolgado para o pai e diz mais empolgado ainda:
— Tudo bem! Podem comprar o meu carro agora e me ensinar a dirigir! Eu mesmo quero escolher o carro!
Nisso, o avô do menino corta a conversa. Decepcionado com os pais, tenta fazer o casal desistir da idéia:
— Mas já vai ensinar o garoto a dirigir? Ele tem quinze anos! No meu tempo as pessoas aprendiam a dirigir só quando tinham responsabilidade o suficiente!
A filha interfere na conversa bruscamente:
— O nosso filho tem responsabilidade o suficiente, pai!!!
Como que se estivesse se exibindo, ele responde:
— No meu tempo só se tinha responsabilidade quando virava homem!
O pai vira para o garoto e, não entendendo corretamente o que seu sogro havia dito, começa a ficar preocupado com aquilo:
— Filho... você não é...
O filho, já não entendendo a situação, dá um tapa na cabeça e olha para o pai:
— Nem fala, nem vou nem comentar!
A mãe vai até a cozinha preparar a janta e quando vai até a prateleira pegar uma panela, se depara com uma asquerosa e nojenta barata na prateleira de cima, a barata sorri e sai voando pela cozinha. A mulher, por ser mulher e odiar baratas, sai gritando desembestada:
— Socorooo!!! Tem uma barata enorme na minha cozinha!!! Matem ela!!!
Os três homens se entreolham e começam a cair na gargalhada. Nisso, o mais novo, ainda colidido pela expressão da mãe, rindo, fala:
— Pô mãe! Tá com tanto medo por causa de uma baratinha!?
A mãe olha assustada para o filho e diz aterrorizada:
— Baratinha!!!? É uma barata-das-cavernas, daquelas bem grandes e resistentes!!! Mata ela Haroldo, mata!
Haroldo era o nome de seu marido e, como um fiel marido, pôs-se à caça do inseto, invadindo a cozinha:
— Calma, querida, eu esmago ela!
— Acho melhor você pegar o mata moscas!!!
— Porque?
— Por que ela voa!
O homem olha para o sogro e depois para o filho e diz, descaradamente:
— Bem, filho, tome conta da barata que eu vou até o banheiro!
— Pai... você está com medo de uma mísera barata!?
O pai olha desconfiado e disfarça mais ainda, colocando as mãos nas calças e escapando para o banheiro. O filho entra na cozinha e não vê a barata. A mãe, na sala de estar, apreensiva mais do que nunca, começa gritar escandalosamente:
— Vai! Ela deve estar com as panelas, ou no açúcar, nenhuma barata tem diabete mesmo! Procura ela na geladeira! Nas panelas! Nããão!!! No lixo! Elas gostam de sujeira! Mata e traz o corpo pra gente jogar lá fora!
— Cala boca mãe!!! Eu ainda nem achei ela!!!
A barata, nesse tempo, estava do lado de fora da casa, entrando num esgoto. Perto dali, passava um gato, de grande porte, meio laranja. Quando vê a barata entrando no esgoto ele rapidamente sai atrás dela, caçando-a. Numa arranhada, fatia a pobre barata, que nem tem tempo de se esquivar. Em seguida ele a come lentamente.
Moral da história: “tudo tem seu tempo”.

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