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Contos-->O atentado -- 13/04/2002 - 11:18 (Haroldo Pereira Barboza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O atentado
(Menção Honrosa – maio/2001 – Jornal Cidade Tiradentes em Notícia)

Jonas chegou ao telhado do prédio mais alto (12 andares) da localidade às 8 horas. Se acomodou da melhor forma possível, entre algumas antenas parabólicas.
Antes de montar o equipamento que trazia na valise, observou a bela vista que se apresentava à sua frente. A praia estava lotada devido ao belo dia ensolarado. Muitos banhistas se acomodavam sob os coqueiros que acompanhavam a orla. À sua direita, o ginásio esportivo. À sua esquerda, não mais de 50 metros, a igreja de mármore rosado, por onde desceria seu alvo.

Retirou as peças da valise lentamente e as conectou de forma eficiente, em menos de 2 minutos. Ajustou a luneta sobre o cano da AR-15, que foi fixada com segurança sobre o parapeito. Conferiu se a corda por onde desceria estava bem segura, assim como gancho colocado em sua cintura. Pelos ensaios anteriores, teria de estar dentro do carro que o aguardava nos fundos do prédio, em menos de 15 segundos.

Ao sinal convencionado com o sujeito de terno marrom à porta da igreja (que se abaixou para amarrar os sapatos), se concentrou na ação que praticaria dentro de instantes. Ele e a poderosa arma reluzente se transformaram em uma única sombra, refletida no muro que fazia fronteira com a casa de máquina do elevador do prédio onde estava.

Pela porta da igreja surgiu o alvo. Na cabeça, um gorro azul que escondia a calvície. De túnica branca bem passada, que ia do pescoço aos pés, só permitindo ver as pontas dos sapatos, quando seu portador se movia. Assim que ele atingiu o terceiro degrau, Jonas apertou o gatilho, enquanto o indivíduo levava a mão ao peito, do lado esquerdo. A mancha vermelha maculou a vestimenta bem passada. Pelo menos 4 pessoas se debruçaram sobre o corpo que rolou os cinco níveis seguintes, enquanto o dono do terno marrom atravessava a rua em direção ao ginásio.

Quando Jonas abriu a porta do carro e gritou para o motorista acelerar bem depressa, vislumbrou o sujeito de camisa azul e boné amarelo que corria em direção ao veículo, fazendo sinais desesperados para que parassem. Quando ele chegou ao lado da porta direita, Jonas abaixou o vidro ainda portando as luvas e escutou seu recado :

- Pode voltar lá para cima. A cena terá de ser refeita novamente, pois o panaca do “padre” esmagou o saquinho de ketchup, 7/10 de segundos antes de você apertar o gatilho. E não demore muito, pois o prazo para finalizarmos o filme expira daqui a duas semanas !


Haroldo P. Barboza - maio / 2000
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