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Contos-->No Ônibus -- 03/05/2002 - 16:49 (Helder Rodrigues) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ela olhava para fora, atenta, olhos fundos envoltos por olheira básica e sobrancelhas grossas. Boca de carne. Nariz adunco e lindo. Cabelos castanhos escuros compridos, presos por um coque tosco preso por um lápis HB. E um sorriso emblemático, sucinto, ancestral. Como se compreendesse todos lá fora. Eu ao contrário, mergulhado atrás de meus óculos procurando analisar sempre e tentar compreender quem está dentro. Nisto reside meu espanto, ela tentar isto com as pessoas que estão longe e eu buscando isto do mais próximo. Como a mulher que carrega alguns pacotes para o natal, com esperanças de juntar a família ou do homem engravatado e de pasta quadrada trancafiado por duas enormes fivelas que guarda lista de preços de variados produtos como barbeadores descartáveis, esperanças de todas as cores e um novo sabor de sopa instantânea. Ela não, observa todos de fora e procura aura, a dor, o silêncio, a ciência que tenta desvendar o lampejo do pintor a desenhar no branco, clássico como Rubens ou instigante como Magritte. Lê nos passos na moça de sacola xadrez cheia de laranjas, amante de um arquiteto omisso, não com a obra mas com ela, que divaga se um dia ele largará a esposa. E sofre assim calada nesse achar constante. A certeza é uma aliada, ela deve pensar assim, de nada vale apenas achar. O contraste do dentro e do fora, como pode ela saber tanto, com esse vestido bem claro, estampado de rosas miúdas, de uma leveza que desconcerta, quem é ela afinal, de que massa são seus pensamentos que tentam sempre definir. Paro para olhar as pessoas dentro novamente, como seguram para não caírem nas curvas, quem aperta muito o ferro parece ansioso, quem as vezes caí por se esquecer de segurar nem esta aí com as amarras do dia-a-dia, leva a vida com mais leveza. Cada cheiro, gesto ou sombra tento coadunar em um propósito de desvendar o porque do bocejo do trabalhador das docas que saiu de casa cedo sem saber se volto pois o cais denota insegurança ou porque a moça pinta tanto o rosto, em difícil malabarismo, se ainda é tão nova, vai impressionar quem a esta hora? É tudo fugidio e complicado, eu questiono não apenas o fato, mas o porque correlato, latente, que fica tatuado. Ela não, com o ar que leva seus muitos fios soltos ela parece combinar consonância e desvelo, lendo todo transeunte enriquecendo sua vida ao colecionar os momentos. Não procura como eu uma resposta, ela já sabe. Pergunta ela é. Das pessoas só que um consenso e se nutre dessa fotossíntese a cada centelha de intentos. Eu sou tão precário e angustiado, procurando o básico enquanto ela afirma com seu meio sorriso nos lábios que está além dos dicionários. Ela compreende mesmo e eu fico ali a vendo como um totem, um sustentáculo. Creio mais agora no espesso, creio que tudo é recomeço, admito Ter que mudar de postura. Agora ela se exalta, olha o relógio (como que se alguém que domina a paisagem fosse preceita ao tempo) e pergunta para outra pessoa ao lado se está perto a rua tal, disse estar indo prestando atenção em tudo mas não se localizara. O ponto é o próximo, ela desce, agora inteira a vejo, cor morena e pernas delgadas que galgam a escada e a levam, colhendo a tarde no decote. Não sei, acredito sempre no risco da imaginação, ela não era mesmo uma filósofa que eu acreditava mas parecia, nem tampouco tinha a resposta para o meu coração ou para o que eu pensava. Apenas olhava para os lados a procura de bússola e itinerário, uma pessoa comum. Eu me virei e vi um homem de barba branca assobiando fino, sua música tinha o acorde dos primeiros, sua sabedoria estampada nas rugas. E ele observava.
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