As polícias militares dos governos estadual brasileiro, apesar de mal vista pela mídia e pela população, tem em seu contingente alguns quadros de elite que possuem verdadeiros heróis.
São formados por homens bem quistos, respeitados pela população onde vivem e muito bem preparados para o serviço que executam.
Não prendem, não repreendem ou reprimem.
Salvam vidas, enfrentam o perigo dia a dia e vestem suas fardas com garbo e orgulho.
São os homens do Corpo de Bombeiros que cada cidade de cada estado possui.
O papagaio do Geraldão
Lá na minha cidade, Mogi das Cruzes, o elemento do Corpo de Bombeiros mais respeitado e popular é o sargento Geraldo.
Um moreno forte, de seus trinta e poucos anos, corpo de atleta - o serviço do Corpo de Bombeiros exije treinamento e preparo físico - e feições sérias e dignas.
Homem bem casado, pai de duas crianças e membro da Igreja Episcopal da cidade.
É tudo isso o que faz dele uma pessoa muito respeitada.
Já a sua popularidade vem principalmente por causa do papagaio que sempre leva consigo quando está de folga.
É comum vê-lo pedalando a sua bicicleta pelas ruas da cidade com o papagaio sentado em seu ombro.
É também comum ouvir o seu papagaio mexendo com quem passa:
- Currupaco... loira gostosa.
- Loira, loira.
- Gostosaaaa...
E o Geraldo ralha com o animal:
- Osório (é esse o nome do papagaio) cala a boca.
- Respeite a moça seu safado.
E a loira que passa fica deslumbrada com o
papagaio.
Nunca se ofende, ao contrário, fica encantada com os elogios e as besteiras ditas por tão belo animalzinho.
E o Geraldo sempre ganha um sorriso da moça que lhe diz:
- Deixa moço, ele é tão bonitinho.
E se vai rebolando toda faceira e feliz, encantada com o papagaio e interessada pelo dono.
Já na outra quadra, quando passa uma morena o papagaio fala:
- Morena bunduda.
- O bunduda, bundudaaa...
- Currupaco... currupaco.
E o Geraldo torna a ralhar:
- Fica quieto sem vergonha.
- Olha, seu sapeca, que eu te ponho na gaiola.
E a reação da morena é a mesma, encantada também com o esperto animal diz:
- Que bichinho lindo moço. Deixa ele.
E assim o papagaio vai mexendo com toda a mulher bonita e gostosa que passa, seja ela morena,
loira, ruiva ou mulata.
Basta ser gostosa e o papagaio sempre tem algo engraçado e malicioso para dizer.
Uma tarde enquanto eu e o Geraldão - era assim que eu o tratava pois éramos grandes amigos - tomávamos uma cerveja, eu lhe perguntei:
- Como é que o Osório nunca erra quando se dirigi a uma mulher?
- Ele, sempre que meche com alguem e fala suas bobagens, define com acerto a loira, a ruiva,
a morena etc...
- Não entendo Geraldo, como ele sempre acerta.
O Geraldo então falou:
- Vou te contar, mas não conta pra ninguém que nem a minha mulher sabe.
- É só uma questão de condicionamento.
- Eu o ensinei a chamar uma loira de gostosa quando dou um assobio curto: fel, que só ele que está no meu ombro escuta.
- Já a morena ele aprendeu a chamar de bunduda quando eu dou dois assobios curtos: fel-fel.
- A ruiva ele chama de tesão quando eu dou dois assobios curtos
um espaço e outro curto: fel-fel... fel.
- E assim por diante, Carlinhos. Na verdade sou eu que chamo elas de gostosas e bundudas. Ele só diz o que eu mando.
- Ah, ah, ah, ah e deu uma gargalhada estrondosa e sonora.
É Geraldão, seu animal é engraçadinho
e inteligente, mas
você é na verdade um grande canalha.
Atrás de toda essa aparência você
não passa de um grande safado.
CARLOS CUNHA
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