Se bem me lembro era época de carnaval, melhor dizendo carnaval fora de época no meio do mundo. Um sambódromo ilário, totalmente diferente dos normais, mesmo porque era o último do século.
E o meu chefe estava na avenida maestral, totalmente entregue, dando pulinhos fenomenais, que registrei em camera-lenta, de um camarote, que mais parecia um aeroporto internacional, contrastando com o nosso local, me convidou pra curtir esse momento. Como já o conhecia resolvi levar a Mônica.
Nesse dia tinha de tudo, todos os bichos, loucas e loucas; loucos e loucos; cabides e cabides, monas e monas, raças e raças...
No melhor da noite, uma chuva arretada, que mais parecia gasolina em fogueira de são João, arripiava a avenida.
Tudo muito bem, todos muito legais...Voando baixo pelas calçadas estavam todos os figurões, parecia que a cidade tinha se deslocado e o centro vazio ficará.
Foi mais ou menos nessa hora, que um espertinho, com cara de bonzinho, conhecido no meio da malandragem como o gato-feio, resolveu fazer o raspa.
E em seu sorteio, identificou a casa do chefe, que tinha cerca eletrica, um muro de três metros e dez, de altura e cinco cães, dois vira-latas, um pequenez e dois pastores, além da casa ser gradeada.
Realmente é um mistério...Pra segurança ou pro destino!?
Todos na farra e um rapaz franzino subiu o muro pelo lado escuro da casa ao lado, cedo da noite,cortou os fios com o alicante, deu osso pros vira-latas, generalizando é claro, e pelo telhado entrou.
No forro procurou até encontrar, com todo o tempo do mundo a porta que acessava a casa. E pulou bem sobre a cama de casal, que quebrou uma ou duas ripas. Em seguida pegou um saco e raspou todas as bijús, como era ignorante não sabia arrombar o cofre, por isso talvez tenha arriscado levar algumas cuecas, roupas de marcas e etc...
Poucas coisas, na verdade não dava pra levar coisas mais valorosas, pois eram pesadas. Entretanto o pouco que levava fazia falta e o satisfazia, pois na cotação do mercado, o seu ranquing, não era superior aos outros bandidos, e isso poderia elevá-lo.
Tudo é bandido mesmo.
Satisfeito a sua ousadia, saiu espalhando ração pra tudo que é lado... O telefone toca,um carro buzina na frente da casa às três e meia da manhã, em seguida as luzes apagam.
O desespero não poderia ser outro.
A alma parecia fugir da condição do corpo. Pior ainda quando o portão começou a abrir e os cachorros se agitaram.
O gato no alge da esperteza maquinava, quando a chave da porta, como de praxe, começa a abrir. Ele corre pro quarto, e de um lado para o outro, tenta arrumar uma saída.Já não acerta subir, as pernas ficam trêmulas...
A porta abriu finalmente e entraram umas dez pessoas embreagadas, gritando e fazendo muito barulho...O fígado do rapaz viu-se saindo pela boca. Naquele momento era o fim.
Quando acertaram a porta do quarto, de tão desesperado, gato feio resolveu passar fazer qualquer coisas.
Não me perguntem...
Quando vimos as coisas no chão e assimilamos que era um furto, parece que todos se transformaram em "machomem". Foi uma loucura; as monas com plumas e paetes, Karinas e Andrômenas,avançando com cara de endiabrado, e o chefe quase nu no sofá da sala dormindo desmaiado.O rapaz...
Meu Deus!
Onde já se viu, Preso entre as grades.
Não sei como a cabeça passou, mas o corpo ficou totalmente preso. De um lado as monas enfurecidas rindo e do outro os cachorros, suspeito eu, indignados por terem sidos ludibriados.
O fato é que quando o bombeiro chegou, juntamente com a polícia. Eu e mônica, minha namorada apenas ríamos do embaraço e saíamos devagar. E as monas se apaixonavam pelos homens de preto que ficaram consternados com o assédio, enquanto os bombeiros cerravam a grade e o gato feio, coitado, literalmente engaiolado pagava pelo preço, que em muitos colarinhos faz falta.