Baseado no conto Um azul para Marte de José Saramago.
Agora depois de dez anos em Marte, ou de uma noite apenas, visto que o tempo neste momento já não importa, o enigma é a idéia do conhecimento das cores. Em Marte só existem o branco e o negro (com todas as suas variações). Um arco-íris traria realmente felicidade? O azul do mar e do céu é também branco e negro (com todas as suas variações), nas noites terrenas dos lugares despovoados. É provável que o som destas paragens terrenas soe diferente. Aviões de guerra costumam riscar os céus com destino a novos bombardeios, baleias revoltam as águas na luta inútil para livrarem-se dos caçadores. Muitos humanos gritam de dor outros agonizam de fome. Tudo em tons de cinza, visto ser noite. Mas de fato um arco-íris levaria os marcianos a trocarem seus segredos e conhecimentos? Não pela cor sòmente mas pela possibilidade de consolidar a beleza da natureza aqui na Terra colocando, calcados na sua sabedoria, o essencial no necessário? È tão difícil para nós terráqueos achar o ponto de equilíbrio que nos permita viver em harmonia. Uma escola seria construída onde houvesse apenas duas crianças? Hospitais com todos os recursos existiriam numa aldeia isolada? Se o ser humano como um todo pudesse usufruir igualmente de todas as necessidades o mistério da inteligência superior estaria desvendado. Todos se olhariam diretamente, sem submissão ou desconfiança. Seríamos como os marcianos, mas com o brilho e as cores do arco-iris. Depois partiriam , os extraterrenos, saturados de luz, solidariedade.e humildade.
Desconfio que assim, possivelmente, todos se importassem quando os visitantes resolvessem partir, e agradecidos os levaríamos à porta.do universo.