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Contos-->TROCA DE NOME -- 11/06/2002 - 13:00 (guido carlos piva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TROCA DE NOME



O Presidente da República havia sancionado a no-va lei: “Quem, por motivo justificado, quisesse trocar o próprio nome bastaria requerer em cartório e seria prontamente atendido”. Essa era a principal razão pela qual o movimento de pessoas no cartório de Registros de Nascimentos era três vezes maior do que em dias normais!
— Mas minha senhora! O seu nome é esse mes-mo?! Com dois vês? — falou o cartorário indignado!
— Infelizmente é esse mesmo! Vulvete dos Praze-res!
— Puxa!... É mesmo?! Ontem apareceu aqui um tal de Antônio Nariz... Achei estranho! Mas como o da se-nhora, com sinceridade, nunca vi! Vulvete é demais! A-inda mais com esse sobrenome: dos Prazeres! Só pode ter sido gozação! Quem foi o autor desse debochado a-to?
— Ah... Moço! Como vou saber? Ninguém de minha família quis assumir a sua autoria. Gozação eu tenho certeza que não foi... E se algo aconteceu, foi proposi-tal. Só pode ter sido por vingança do meu pai... O nome dele é Penisfarto dos Prazeres
— SHHiuuu! Pelo amor de Deus! Fala baixo! Este cartório é de respeito! Os que escutarem essas palavras irão pensar o quê? Bem, senhora Vulv... Ahn!... Ou me-lhor, dos Prazeres, seu problema deixou de ser sério... É seriíssimo! Não haverá a mínima necessidade de ter que justificar o porquê de seu pedido de troca de nome. Ele é a própria justificativa! Eu mesmo tomarei a frente deste caso. Olhe dona Vulv... Dos Prazeres, permita que eu lhe dê um conselho: escolha um nome que lembre ou que seja parecido com esse que a senhora usou em sua vida até agora. Assim, as pessoas que a conheciam co-mo Vulvete não venham estranhar muito! Escolha um que termine com ete: Odete... Claudete... Ivete... Marie-te... Com a mesma terminação sonora, talvez, ninguém note a troca que iremos realizar!
— Boa idéia! Sabe moço... Trocar o meu nome é o que mais desejo na vida!
— Pudera!... Com esse nome, até eu!
Vulvete, há muito, queria trocar o seu vexatório nome. Os constrangimentos pelos quais ela passara e-ram de fazer pena a qualquer pensante. As gozações acontecidas em torno de seu nome eram inacreditáveis: na escola chamavam-na de “Crica”, em seu trabalho, de “Chaninha” e, no clube que deixara de freqüentar por não agüentar mais as achincalhações, tratavam-na de “Perseguida”. Por todos esses deboches, o sofrimento de Vulvete chegava a ser angustiante!
— Pronto, senhor cartorário, já preenchi o reque-rimento. Ah!... Não vejo a hora de poder usar o meu no-vo nome!
— Fique tranqüila. Com essa nova lei em vigor, a senhora poderá usá-lo muito mais rápido do que pensa. Não se preocupe, assim que estiver pronto eu lhe tele-fono!
A partir dessa data, a ansiedade da espera e a demora pelo desfecho do processo quase levam Vulvete a uma loucura depressiva! Durante a parafernália de documentos exigidos pelo cartório: declarações, reco-nhecimentos de firmas, comprovantes de pagamentos, recibos, xerox... Além do dinheirão exigidos pelo cartó-rio, seis longos meses se passaram.
Quando estava quase desistindo e já se confor-mando em ser Vulvete para sempre, ela recebe o tele-fonema mais feliz de sua vida:
— Alô... É a dona Vulv... Arg!... Dos Prazeres? O seu novo nome foi aprovado! Basta vir aqui até o cartó-rio, assinar uns documentos comprobatórios, pagar mais uma taxa de comissão... E pronto! Adeus ao seu vexatório nome!
— Ah... Que bom! Eu nem acredito que isso possa ser verdade! Mas, pera aí!... EU TENHO QUE PAGAR DE NOVO?!... O senhor deve estar brincando! Já vendi até o meu carro para poder arcar com as despesas que o se-nhor me arrumou durante todo esse tempo! Não é pos-sível!
— Calma dona Vulv... Urra que nome!... Dos Praze-res... Muita calma! Não posso fazer nada! A sorte da se-nhora é que com essa nova lei, toda a burocracia que antes existia terminou! Só foi por essa razão que o seu novo nome foi aprovado tão rapidamente! Agora, quan-to ao novo pagamento, não tem outro jeito, ou a senho-ra paga ou então vai permanecer com esse seu nome para o resto de sua vida!
— O QUÊ?!... Deus me livre! Irei ver como posso me virar para arrumar esse dinheiro e passo por aí... Imagine se a burocracia ainda existisse!
Após ter feito tudo o que o cartorário havia exigi-do, Vulvete conseguiu ter a sua nova carteira de identi-dade em suas mãos. Feliz com a conquista, extravasan-do alegria, saiu saltitante rumo a sua casa para contar a novidade a sua mãe, dona Náldega.
— Mamãe! Hoje é o dia mais feliz de minha vida... — mostrando a sua nova carteira de identidade — Con-segui trocar o meu nome!
— NOSSA!... Que maravilha! Deixa ver o seu novo nome. Quem sabe eu consiga trocar também o meu!
A ex-Vulvete, emocionada, entregou a carteira a sua mãe. Dona Náldega, assim que a leu, empalide-ceu... Soltou um grito: “AAAIIiiii!”. Trêmula, virou os olhos e caiu dura para trás! Com o grito, o pai, os três irmãos de Vulvete, juntos com mais alguns amigos que estavam na casa, correram para acudir a pobre senhora que, apesar dos múltiplos esforços para reanimá-la, não dava mostras de voltar a si. Indignação, curiosidade e confusão generalizaram-se... Todos, enquanto socorri-am a sacudida senhora, indagavam-se sobre o motivo que havia causado tão repentino e estranho desmaio.
— O quê foi? — Será que é a pressão? — Puxa! Que tombo?! — Acho que ela pifou! — O que será que deu em dona Náldega? — Coitada!... Tão forte!
Ninguém, por mais que se esforçasse em saber, conseguia sequer imaginar a razão do triste aconteci-mento. Afinal, dona Náldega sempre fora tida como portadora de uma saúde de ferro! Todos estranhavam o ocorrido. Como ela não voltava a si, resolveram levá-la a um hospital.
Somente quando estavam há algum tempo no hospital é que foram se dar conta que dona Náldega, desacordada na maca, ainda segurava o documento de sua filha Vulvete. Como todos sabiam da vontade de Vulvete trocar o nome, entreolharam-se e logo imagi-naram que ali pudesse estar o motivo do tão estranho desmaio. Com muito esforço conseguiram pegar o do-cumento fortemente seguro pelas mãos de dona Nálde-ga!
Ávidos, passaram a lê-lo. Quando leram... Um gri-to geral espalhou-se por todo o nosocômio: “AAaaaiii... NÃÃãão!”... E por incrível que possa parecer, houve um desmaio coletivo! Até o senhor Penisfarto não agüentou o baque causado pelo o que acabara de ler!
O hospital virou uma pantomima! A correria era geral. Médicos, enfermeiras e até outros pacientes que aguardavam para ser atendidos, passaram a dar trom-badas entre si na tentativa de socorrerem os corpos es-palhados pelo chão.
Enquanto os acometidos pelo desmaio coletivo iam sendo internados em estado mais ou menos grave, a ex-Vulvete, como se nada estivesse acontecendo, já com seu documento na mão, com um sorriso nos lábios, cheio de satisfação, mostrava, a quem quisesse ver, o seu novo nome em sua nova carteira de identidade. Era exatamente ali que estava a causa de tanta confusão:
Com letras maiúsculas estava escrito o novo no-me escolhido pela ex-Vulvete: XOXETE DOS PRAZERES! Com dois xis e precisamente como o cartorário havia aconselhado: com “ete” final.

O que sobrou da história:

“NÃO ADIANTA QUERER EXPLICAR: PARA MUITOS...
SEIS E MEIA DÚZIA... NUNCA SERÃO IGUAIS

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