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Contos-->Asas quebradas - quinta parte -- 20/06/2002 - 15:08 (Alexandre da Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

IX

Demorei para entender o que significava o sentimento mais humano entre os humanos: a nostalgia. Lá de cima, percebia perfeitamente o que era o amor, o ódio, a fraternidade, a inveja. Aqui embaixo, descobri a solidão, a ganância, entre outras tantas coisas. Mas a nostalgia, a saudade, nunca me pareceu coerente, nunca me pareceu algo de fato.
Nessa prisão em que me encontro, com indivíduos envoltos em seus mundos de umbigo, vejo que a nostalgia também está presente. Sansão sente falta de seu cachorro. Talvez, ele nem tenha tido um cachorro. Sansão, porém, sente falta de seu cachorro. Não foram poucas as madrugadas em que ele discorreu discursos intermináveis sobre a gentileza de seu animal, e como esse era amigo verdadeiro. Sansão dizia que seu Totó entendia suas dores e respeitava seu silêncio. Meu louco companheiro de asilo sempre inventou coisas. Seu cão também deveria ser mais uma invenção. Mas o olhar de Sansão era puro quando falava do amigo canino. Mesmo se não existisse, a saudade de Sansão era verdadeira.
Enquanto preparava o caminho para o meu Deus, conheci pessoas que, assim como Sansão, estavam presas àquilo que havia acontecido. Não conseguiam olhar para frente porque o passado havia sido melhor. O grande amor da adolescência, as aulas matadas no colégio para jogar futebol, os primeiros pegas, os Natais cheios de brinquedos. Os sentimentos eram os mesmos, sempre. E concluía que não era o amor que resumia a natureza humana e, sim, a nostalgia. O Homem era o Homem porque sentia saudade.
Eu não era um homem. Era um anjo. E os anos na Terra se acumulavam, e já podiam ser contados em décadas, quando me senti invadido pela nostalgia. Agora percebia o quanto Deus e Diabo tinham sido cruéis. Eu já podia descrever esse sentimento que me era tão distante. Os homens nunca mais teriam aquilo que vivenciaram. O momento é único e por mais encantador que tenha sido jamais será repetido. O rir de chorar talvez nunca mais aconteça. O abraço interminável talvez tenha acabado. A bagunça na hora do sinal da escola talvez tenha cessado. A nostalgia era, é, será dolorosa
E o meu coração latejava quando acordava de mais um pesadelo. Aquele olhar que me denunciava, que me amava, que me assustava, não seria visto novamente. Minha alma sentia falta daquilo que eu não me lembrava. E o meu coração latejava, doía, chorava. Agora, eu entendia o mais cruel dos sentimentos humanos
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