Ivan, um lenhador russo, estava despreocupado, contemplando as águas do Lago Seymor, que brilhavam à luz do sol da primavera.
Pensava, também, em Ludmila, sua doce companheira,que diariamente o esperava na cabana com bolinhos quentes, chá bem preparado e a cama aquecida com seu corpo escultural. Absorto, olhou distraído para o horizonte e, então, viu duas cegonhas num vôo sincronizado e incomum. Passou as mãos nos olhos, pensando que estava diante de uma miragem, beliscou-se, mas, as duas aves brancas não saiam do seu campo visual, até que, lentamente, sumiram bem longe.
Ivan resolveu voltar pelo atalho mais curto, para contar a novidade à sua Ludmila.
_ Elas eram muito brancas e muito bonitas!
Os olhos azuis de Ludmila acompanhavam atentos a narrativa do jovem lenhador.
Tomaram o chá juntos e degustaram com exprssão de prazer os bolinhos que ela preparara.
No dia seguinte, ao lavar a roupa na companhia de sua amiga Olga, resolveu contar aquilo que o marido vira:
_ Uma delas, querida Olga, tinha uma pintinha preta na parte inferior da asa esquerda.
Olga, por sua vez, contou a história para Katerina, porém, nao esqueceu de frizar :
- Sabe que uma delas tinha duas pintas pretas numa das asas...
Dois ou tres anos depois, Ivan ouviu da boca de um amigo a seguinte pergunta:
- É verdade que você, há alguns meses, viu duas cegonhas pretas junto do Lago Seymor?