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Contos-->Retratos de um relacionamento -- 10/07/2002 - 16:18 (Felipe Eduardo Araújo de Carvalho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
1. Um animal alvejado: de volta ao seio materno.

.1. Retratos de um relacionamento

“É preciso coragem para levantar e falar mas
também é preciso coragem para sentar e ouvir”

Voltar ao passado talvez possa ser o melhor caminho a trilhar no momento vivido. É o passado que me ajuda a entender o presente e repensar o futuro. Na verdade, tenho boas recordações dos momentos vividos. Afinal, meu ser é muito mais voltado ao convívio do lar do que a matéria do ser alado, da ave voadora. Aquela que convive nas ruas e dormita no lar. São apenas características que estão enraizadas no ser masculino, e aos poucos vão se tornando também características femininas. Por fim, a mulher de hoje, ousa romper as barreiras do lar e conquistar os espaços do trabalho e também dos bares, festas e da noite propriamente dita. “É a mulher confrontando um mundo dominado pelos valores masculinos, onde a competição, a ânsia do lucro rápido, do egoísmo, o imediatismo eram reis. Estes valores quase diametralmente opostos aos seus e onde não havia portanto lugar aos sentimentos, à partilha, ao humanismo”. Em vez de assumir sua feminilidade e sexualidade como energia ativa, deixou-se encantar e se apropriar com os valores masculinos; bebendo da fonte reproduzindo-os de uma forma destorcida dos seus próprios valores.
É o fazer-se ser, agindo feito homem. Pensam estar garantindo o mesmo espaço mundano dos desejos masculinos. Talvez estejam corretas no ato em si. Não obstante, há algo que pode se perder em meio ao emaranhado de arranhões que a vida ousa dá aos que acham que a vida dos homens tem um lado sempre maior de liberdade. Esta liberdade moldada ao som dos burburinhos da multidão. A liberdade, na verdade, encontra-se dentro de cada um de nós. Mesmo sabendo que a liberdade de alguns de nós, também, pode ser esta que se encontra nas ruas.
Penso um pouco nessas palavras: "Não é necessário sair de casa. Permaneça em sua mesa e ouça. Não apenas ouça, mas espere. Não apenas espere, mas fique sozinho em silêncio. Então o mundo se apresentará desmascarado. Em êxtase, se dobrará sobre os seus pés." O mundo, com certeza, se descortinará ele é o que é belo e maravilho; feio e misterioso; bom e cruel mas sempre mundo.
Não pretendo roubar a cena. Descrever todos os anos vividos não é a intenção destas palavras, mas posso dizer que em matéria do dois, tinha, em meu mundo, um retrato um tanto quanto satisfatório que poderia ser lapidado com a chama do diálogo, da sinceridade, da verdade. O falar torna-se essência, quando se reivindicava, mas não ousava agir, o resgate da amizade de outrora. Já que uma relação sem amizade tende a padecer nos caminhos tortuosos da vida. Repousar a verdade, no leito sagrado da amizade, tornaria os momentos mais gratificantes; para todos nós, pobres mortais que ficaram a ver navios.
Ainda me recordo dos desejos latentes, quatorze anos, desejando a mesma pessoa. Olha-lá trocar de roupa era desejar pular em cima dela e amá-la ali mesmo, no chão do quarto. O tempo faz coisas com a gente que me permite hoje pensar nas palavras fortes que o ser deposita em berço esplendido. Afinal, nosso elo machista credita, em mesa de bar, a definição de tarado: “aquele que ainda come a mulher depois de dez anos” . Entretanto, não pretendo resumir uma relação nos desejos de corpos, apenas entendo-os como um gradiente, ou melhor, um termómetro que mede a temperatura da relação. Creio que me enganei redondamente. “Se o mundo é mesmo parecido com o que vejo, prefiro acreditar no mundo do meu jeito.”
Pensando ainda mais um pouquinho, deixo as lembranças tornarem-se retratos: fomos colegas, amigos, namoramos escondidos, depois namoramos de verdade para todo mundo, fomos noivos, amantes felinos, casados, separados e hoje não nos falamos. Por fim, “a mulher aprende a odiar à medida que desaprende a fascinar.” É o retrato do passado tornando o presente um imenso vazio. Um sem sentido lógico-ilógico. Mas o que é que é lógico, quando se esta tratando com pessoas?
Pensar é sofrer; sofrer é pensar. Rasgar os verbos contidos dentro do ímo, com certeza será a grande vedete de seres entregues a um novo caminho. “Ai vai, começar a pensar, e pensar dói, faz barulho, fragiliza mas é necessário” . O trilhar torna-se mágico. Vejo-a ainda descoberta de trajes que não mais encantam minha alma e meu ser. Permito apenas deixar as lembranças repassarem em meus pensamentos imagens sucessivas de coisas que não são assim tão destruidoras quando se esta a dois, ou melhor a quatro (entretanto, essas coisas são apenas vistas pelo ângulo do meu ser; este mesmo ser que ás vezes esquece que por detrás de uma pessoa existe uma mulher que, de vez em quando, sente e chora a dor do vazio que nem ela mesma sabe, o porque disto tudo; pior ainda, nem tão pouco eu que vivi ao seu lado consegui perceber a tempo de tentar salvar o barco. Este, na verdade, foi o único barco que não tive oportunidade de tentar salvá-lo. Isto cria em meu ser um sentimento de incapacidade, de frustração, de fracasso. ___Coisas de homem, que poucas mulheres entendem ___ Por isso penso, muito mesmo para não deixar outro barco afundar assim de repente). Retorno as palavras do passado-presente, mergulhando dentro de mim mesmo até chegar as profundezas abissais do meu imo. Lembro-me deste pensamento: “Defeitos não fazem mal, quando há vontade e poder de os corrigir” . Mas para seres que se acham perfeitos o único caminho é...
A vida ainda é essência de um pensar vazio que descortina o fel do entendimento que nunca será descortinado. Por não o ser, não vou querer prosseguir neste caminho que não leva a lugar concreto nenhum. Então, percebo, “as palavras verdadeiras não são agradáveis e as agradáveis não são verdadeiras.” Entretanto, um ser alucinado sempre será um ser alucinado; (é isto que nos impulsiona a buscar estar nos braços de um outro) mesmo sendo um homem que tenta se esconder na floresta do amor. Negando os verdadeiros sentimentos que insistem em ser descobertos. Ainda que este sentimento clame a ousar romper o mutismo e se descortinar em palavras sinceras. É de uma dificuldade imensa deixar-se escancarado...
Em fim, a alucinação é este pedacinho de sentimento que nos imobiliza a alma e nos carece o ser; deixando-nos pensando como homem: vulneráveis. Que seja, mulheres! Afinal por ser homem temos o mesmo direito ao amor maior. Deixemos o porque que nunca será explicado, pois as coisas do amor são, apenas são. Como diz o escritor “quem começa a entender o amor, a explicá-lo, a quantificá-lo, a qualificá-lo, já não está amando."

...Faz parte do livro: Retratos de um homem separado: à caminho do desconhecido!

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