Carolina, diferentemente daquela da canção, não tinha olhos fundos, não era triste, nem tinha deixado o tempo passar pela janela e o amor pelo buraco do funil. Ao contrário, jovem de treze anos, olhos azuis bem claros(parecia que o firmamento estava sempre boiando nos seus olhos), esperta e vivaz, faceira como as belas donzelas devem ser.
Naquele dia de setembro(primavera, bem me lembro), Carolina estava penteando as madeixas cor de ouro velho, sorrindo para a imagem que via refletida no espelho.
De repente, ouviu uma voz estranha, que parecia brotar do seio da terra, debaixo do piso de assoalho da alcova de sua avó.
A menina fez um gesto com a mão em volta do ouvido, procurando auscultar de onde haviam brotado aquelas palavras.
Viu, então, um serzinho minúsculo, com a boquinha fumando um cachimbinho ridículo, rindo para ela:
- Você quer usar os brincos da princesa ?
- Quem é você? Que princesa?
- Eu sou o byniu da tribo dos Bejis, dizem que dou sorte às pessoas que conseguem me ver e falar comigo...Os brincos são da princesinha Any, que um ladrão desalmado roubou no dia dos seus quinze anos.
- Ora, se a histõria é triste assim, se os brincos foram roubados, eu não vou aceitá-los.
Fez-se então um grande barulho e subiu uma nuvem de fumaça, pois é assim, com tod esse aparato, que acontecem as mágicas e as surpresas das histõrias.
Byniu tomou a aparência humana de uma rapaz bem jovem e de muito boa figura e com dois belíssimos brincos, uma joia rara e finíssima, entregou-os a Carolina e sorrindo, disse:
- Você merece estes brincos. Eles foram, feitos não para a princesa Any, porque tal princesa nunca existiu, porém para a primeira jovem honesta que, ao invés de atirar-se à cobiça, preferiu perder o que lhe oferecido e que, acreditava ser de origem espúria, a ter que conviver com pesadelos durante o resto da sua vida.
Ato seguinte, beijou asduas mãos da jovem Carolina, entregou-lhe o par de brincos e sumiu da alcova deixando a menina sozinha com a bela jóia nas m~~aos.
