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Contos-->A morte é uma bênção -- 01/08/2002 - 22:44 (José Ronald Cavalcante Soares) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Tinha realmente pavor da morte. Mas era pânico total. À noite, por exemplo, custava a dormir pensando que poderia morrer no sono e, então, ficava olhando para o teto, procurando relaxar, até que o sono vinha e tomava conta do seu grande medo.
Rezava para viver muito, rezava com tanta fé que, na sua mente, iria viver muitos e muitos anos.
Os amigos procuravam mudar a sua cabeça, incentiva-lo para os divertimentos naturais da juventude, mas, decididamente, Alberto era diferente de todos, tinha uma fixação na idéia de viver anos e anos.
Quando morria um amigo, Alberto caia numa tristeza muito grande e, durante, uns tres ou quatro dias só pensava na morte e num modo de livrar-se dela.
Assim, lentamente, os anos foram passando...Alberto comemorou os trinta, os quarenta, os cinquenta. Os cabelos começaram a rarear e a embranquecer. Muitos amigos e conhecidos ficaram no meio do caminho. Cada visita ao cemitério, eram mais cruzes a visitar. Mas, Alberto continuava a pensar numa vida longa.
Morreram quase um depois do outro os pais de Alberto. E os anos passando. Morreram mais amigos, namoradas, parentes.
Alberto comemorou os sessenta, os setenta, os oitenta, os noventa e, finalmente chegou aos cem. A saúde era razoável, a visão ainda lhe permitia ler com o auxílio de óculos, caminhava com dificuldade, mas podia locomover-se sem ajuda de pessoas.
Uma noite, fazendo uma retrospectiva da sua longa existência, Alberto começou a enxergar a morte por um prisma diferente: aquela vida alongada levara todos os seus conhecidos, o mundo em que vivia era inteiramente diferente, estranho, desaquecido de calor humano. Chorou sozinho com saudades dos seus entes queridos que partiram antes dele.
Orou, então: meu deus, eu eu tanto pedi uma vida longa e fui atendido, agora reconheço que nós não devemos temer a morte. Depois de tanta lida, ela chega a ser uma bênção porque nos leva para perto de ti...
Na manhã seguinte, a camareira encontrou Alberto sentado diante da TV. Tinha os olhos abertos, refletindo as imagens coloridas que a telinha apresentava...
No féretro, apenas o padre e o agente funerário.
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