Não posso lhes garantir a veracidade desta história. O texto encontrado estava muito estragado e os peritos, por mais dedicados e competentes, esclareceram que era o melhor que podiam fazer.
Acontece que nos escombros do velho monastério onde ocorreram os incidentes das aranhas coloridas, depois de uns meses de encarceramento voluntário, Monsehor Tonho saiu da clausura e começou a fazer discursos no pátio imenso. Usava um estranho linguajar, mas conseguiu reunir adeptos para as suas estranhas experiências. Dizem que o Abade Zaro adoeceu, depois de uma lauta ceia e passou a direção do mosteiro para alguém sem experiência, cujo nome ficou ilegível nos manuscritos em decorrência das feses dos insetos que atacaram o papel dos documentos antigos.
As aranhas coloridas, por algum tempo, continuaram a tecer suas teias, mas, ao que parece, não com tanta liberdade, porque Monsenhor as vigiava constantemente.
O noviço Ferque foi impedido de prestar as ordens definitivas, porque Monsenhor passou a perseguí-lo, sabe Deus por quais razões, porque os dizeres ficaram confusos naquela passagem.
Pelas faixas de poder secundário, instalou-se uma disputa entre uma das freiras e Imatur, mas não existe uma explicação esclarecedora para os motivos determinantes de tal pendência.
Até porque Imatur costumava propagar que não tinha ambição alguma, vivia para as reflexões e para as boas obras. Os documentos revelam, entretanto, que começaram a acontecer denúncias de todos os tipos, revelando uma vida nada santa entre as paredes do monastério.
Padre Roma, inexplicavelmente, nada falou durante tal período, havendo até quem diga que ele desapareceu, mas não há prova disso.
O que se sabe é que depois do período de grandes perseguições, com um clima assustador dentro daquela clausura religiosa, planos demoníacos foram engendrados e fatos muito inusitados aconteceram sem que, até hoje, tenham sido elucidados.
O documento, na última página, está incompleto, deixando ao leitor a tarefa de concluir a história espantosa das aranhas coloridas...
