Sentado na varanda eu olho o horizonte, no rosto as marcas do tempo: já tenho setenta anos. Durante a vida foram muitas as alegrias, os amigos e também as decepções, porém de uma em especial, nunca pude esquecer: a do único e verdadeiro amor que já tive.
Trabalhei muito e construí tudo que queria, mas o espaço dela nunca consegui preencher, ainda me lembro do dia em que disse que a amava e ela respondeu: “- Eu gosto muito de você e por isso é melhor não sermos namorados.” Essa frase eu ainda não entendi, porquê se você gosta de uma pessoa a coisa que se mais quer é tê-la a seu lado.
Ainda fico imaginando se ela tivesse aceitado, talvez agora eu estaria cercado de netos e estaríamos juntos esperando a hora de partir. A última vez que nos encontramos foi na formatura, mas quando fui embora achei melhor nem dizer adeus, logo depois ficaria sabendo que ela se casara, tivera uma filha linda, porém o matrimônio terminou cedo.
Todos os dias, antes de dormir, eu confirmo meu pacto com Deus: “- Você só vai me levar quando eu sentir o cheiro dela por mais uma vez!” E parece que ele está mantendo sua palavra.
Tenho que ir, o telefone está tocando, talvez seja ela, ou talvez não...