Estava em visita ao Rio de Janeiro. Era ainda bem jovem, e a tia de dois irmãos seus amigos, que residia no Rio, já de meia-idade, lhe apresentou uma amiga, na sua mesma faixa etária, morena, com uma aparência até agradável. Ele lhe telefonou e combinaram se encontrar.
Deram uma volta pelo calçadão de Copacabana, que era o bairro onde ela residia, conversando, e depois, de comum acordo, decidiram partir para aquele que é sempre o ponto final de um encontro entre um homem e uma mulher, ou seja, a cama.
Ele estava hospedado em uma pensão, localizada no último andar de um prédio, também em Copacabana, em cujo térreo funcionava um cinema. Sua proprietária era uma senhora mineira, que também ali residia com sua família. Ou seja, ela havia transformado o seu apartamento, daqueles antigos, de um bom tamanho, em uma pensão, onde se hospedavam, geralmente, mineiros, recomendados por conhecidos, como, aliás, sucedera com ele. Portanto, uma pensão familiar. Os homens ficavam no terraço, para onde se subia por uma escada de madeira, e, em seu trajeto, se passava pelo quarto das empregadas, ao lado, na curva da dita escada.
Bom, voltando ao casalzinho, ela lhe havia sugerido que fossem lá para a tal pensão, passar momentos de doce amor. Ele não achou a idéia grande coisa, mas na inexperiência da juventude, e na excitação do momento, - era uma "coroa" até que bem enxuta, - pensava ele, topou a parada.
E lá foram os dois em direção à pensão. Lá chegando, combinou com ela que subiria primeiro, ela o ficaria aguardando, ele veria como estava a situação lá em cima, e, em seguida, retornaria, dando o veredicto, sim ou não.
Subiu, não havia ninguém no setor masculino, e também no andar de baixo, tudo calmo, todos já estavam dormindo àquela hora. Retornando à sua amada do momento, tomaram o elevador, entraram no apartamento/pensão com a chave que a proprietária lhe emprestara e se encaminharam para a escada.
Ele estava bastante preocupado e disse à ela que tirasse os seus sapatos de salto alto, para que não fizesse barulho ao subir a escada de madeira. Mas ela, "cabeçuda", não os tirou. Subiram a escada com cuidado, e se dirigiram ao seu quarto, onde haviam diversas camas, não apenas a sua. Ele trancou a porta por dentro, precavido, como bom mineiro.
Dirigiram-se à sua cama e, em poucos minutos, já estavam nus em pêlo, entregues a um gostoso ato sexual. Quando já estava quase chegando ao momento culminante do dito ato, ouviram poderosas pancadas na porta!
-Abre essa porta! gritava a dona da pensão. -Abre essa porta!
Ele, terminou o que tinha iniciado, pois, de qualquer forma, não conseguiria interromper aquela fundamental lei do instinto e do prazer, vestiu-se rapidamente, ela também, reuniu toda sua coragem e abriu a porta! Não havia outra alternativa, era a única porta do quarto.
Surpreso e tenso, viu diante dele não apenas a dona da pensão, mas toda a sua família, homens, mulheres, e as empregadas (que, acreditava ele, haviam sido acordadas pelo barulho do sapato de salto alto e, avisaram ao resto do pessoal). O coitado e a mulher saíram dali levando trancos e murros nas costas, a toda velocidade conseguiram entrar no elevador, ouvindo xingamentos e ameaças de todo tipo, inclusive expulsando-o, como indigno de um ambiente tão familiar com seu comportamento abjeto! Ele tentou ir para o apartamento da sua companheira de desdita, pelo menos até o amanhecer, mas ela lhe disse que não poderia acolhê-lo, para seu novo espanto!
Resultado: passou uma noite inglória e desconfortável, sentado em um banco duro, vendo as ondas quebraram-se mansamente de encontro à praia. Pela manhã, foi até a pensão buscar sua mala, e se dirigiu à uma outra pensão, bem distante daquela, e nunca mais viu aquela sôfrega mulher.
Anos depois, retornou ao Rio para trabalhar em uma empresa de auditoria (que, atualmente, é acusada de colossais fraudes contábeis e financeiras em conluio com uma grande empresa multinacional nos EUA).
Morava em um apartamento bem grande, junto com outros três mineiros, no último andar de um sobrado antigo. Durante a semana, dirigia-se ao centro da cidade, de ônibus, para trabalhar, almoçava lá no centro mesmo, e retornava, também de ônibus, para casa, ao fim da tarde.
Estava em plena época do regime militar, e aconteciam conflitos no centro do Rio, devido à morte de um estudante, cujo enterro foi acompanhado por milhares de pessoas. Ouvira dizer que jogavam paralelepípedos na cabeça dos soldados e esses revidavam com tiros de revólver ou fuzil.
Certa vez, da janela da empresa onde trabalhava, junto com os colegas, viu um grupo de soldados descerem de um caminhão militar aberto (cuja carroceria consistia em um banco de madeira, onde os soldados vinham sentados), já de cacetete de madeira, imenso, em punho, e baixando-o com todo vigor, a torto e a direito, em quem, por mal ventura, estivesse nos arredores. Até um ceguinho, que nada tinha a ver com a história, andou levando uns golpes, sem nem ao menos imaginar o que estava se passando...
Nos finais de semana, costumava se encontrar com outros mineiros, e jogava voleibol na praia, ou tomava banho de sol, vendo as belas cariocas desfilaram pelas areias, e tomando, de vez em quando, uma limonada, adquirida dos vendedores ambulantes, que por ali circulavam todo o tempo.
Algumas vezes, levava para o seu apartamento uma morena, bronzeada pelo sol de Ipanema, não sem antes avisar aos seus colegas, para que não o perturbassem. Uma ocasião, uma gaúcha, já de meia idade, foi com ele ao seu apartamento, parecia ser descendente de alemães pelo seu biotipo. Era virgem ainda, e se desiludira ao saber que o seu amado, lá no sul, havia se casado. Entregues ao ato amoroso, ele sentiu bastante dificuldade para romper o seu hímen. Na verdade, ficou com o seu pênis até meio "esbagaçado", tamanha a rigidez do obstáculo encontrado à sua frente... No outro fim de semana, ela retornou, e aí, sim, conseguiu completar a sua árdua e, ao mesmo tempo, prazerosa tarefa...
No emprego as coisas não iam lá tão bem assim. Não sentia grande motivação por aquele trabalho, e, além disso, a sua mente vivia tumultuada com mil e um pensamentos e complexos que já vinham da sua formação psicológica, desde a sua origem, em seu lar.
Uma ocasião, sentiu uma dor lancinante na sua garganta, deitado na cama, e viu, a poucos centímetros do seu rosto, uma imensa aranha, de origem astral. Sentia que ela estava sugando a sua força vital, pela sua garganta. Pensou que não suportaria, tamanha a pungência da dor! Depois de alguns minutos, a aranha foi desaparecendo, aos poucos, até sumir por completo, e a dor foi, também, diminuindo a sua intensidade, até acabar.