Tinha aquela mulher ao seu dispor. Tudo que sempre quiz... alguém como ela para fazer com que sua vida tivesse algum sentido.
Estava cansado de envolver-se com pessoas fúteis, mulheres lindas, mas vazias, porque era especial demais para encontrar alguém que o completasse e o aceitasse com toda aquela forma complexa de ver a vida.
Aquela mulher nem era seu alvo, era apenas mais uma "caça", entretanto, antes do primeiro beijo ela exitou e pela primeira vez ele teve paciência em querer conquistar alguém, nem entendia porquê.
Conseguiu uma noite ao seu lado e sentiu que ela não era mais "uma".
Era inteligente, bem humorada, meio louca, mas doce, e pela primeira vez deitou-se com uma mulher para descançar sua cabeça sobre o seu colo e não para transar, como de costume.
Esteve apaixonado e também assustado; ela era casada. Tirou rapidamente de sua cabeça qualquer possibilidade de um final favorável. Porém não conseguia desligar-se totalmente dela.
Ela era amiga, conselheira, companheira e fazia coisas que constantemente o surpreendia e, apesar de tudo, tinha o maior respeito pelo marido, não conseguia justificar a atitude que a levava e uma suposta traição. Jamais falara mal dele e isto fazia com que ele a admirasse cada vez mais.
Via em suas virtudes as suas fraquesas e justamente por suas fraquesas é que não sabia como dar o devido valor que achava que ela merecia.
Marcava encontros, mas sempre "furava", posto que bastava um amigo convidá-lo para beber e lá se ia o encontro. Não conseguia fazer nem um gesto de carinho, ainda que o tivesse por ela, porque poderia parecer um tolo apaixonado.
Já contava com sua companhia a mais tempo do que estivera com qualquer outra mulher e não entendia porque ela ainda se mantinha sua amiga depois de tantos destratos. Parecia querer protegê-lo, ainda que corresse riscos. Proporcionava a ele coisas que jamais outros o dariam. Fazia tudo com tanta ternura e prazer que seu peito doía por saber que aquela, apesar de ter chegado na hora errada, era a mulher certa, mas não conseguira entrar em seu coração como deveria ser. Sentia-se triste por não conseguir amá-la como merecia, talvez por isso as vezes fosse mal com ela para tentar, com isso, fazê-la odiá-lo.
Não tinha coragem suficiente para dizer-lhe que não a amava, mas sentia um imenso carinho por ela, aquilo poderia causar-lhe grande dor.
Certa vez falavam sobre as partidas e o quanto estas são repentinas. Ele não quis mais ouvir nada sobre ausências, sempre achava que ela falava demais sobre coisas que não devem ser faladas.
Despediram-se naquela manhã onde juntos esperaram o sol nascer. Ele sentiu uma grande tristeza em seu olhar e saiu preocupado.
Soube, dias depois, que ela sofrera um acidente... e a ausência se fez para sempre, como ela costumava falar. Só então entendeu o grande amor que sentia pela única mulher que era feita para completar a sua vida.
Ele nunca mais encontrou alguém como ela e lamentou profundamente por não ter aproveitado a sua presença e agora ter que carregar consigo eternamente sua ausência.