O cirandeiro cantava os versos de amor. O vento balançava levemente as palhas do coqueiral(" o diz que diz macio que brota dos coqueirais"). A areia da praia era fofa e morna. Tinha uma lua suspensa naquela céu de papel crepon. O mar fazia rendas na orla da praia. A moçada reunida ouvia em silêncio a cadência da ciranda. Longe, no escuro da noite do mar, ecoou a sirene de um navio que zarpava naquele instante em busca de portos distantes, na direção do além mar.
O cirandeiro, repentinamente, parou, sua boca esboçou algo parecido com um sorriso e ele caiu pesadamente sobre a areia.
Um corre-corre, comentários: "teve um ataque...está vivo? Morreu?"
Os moleques, filhos dos pescadores, procuravam ver o moço na ponta dos pés.
A ciranda findou tristemente.
O cirandeiro não morreu, mas ficou com um lado "esquecido", como o povo dali costuma dizer.
Por causa do acidente, ele nunca mais pode tocar a viola e, desgostoso, deixou de cantar.
Mas, como se fosse uma alucinação sonora, muitas pessoas afirmam que, quase todas as noites de lua, que vai até a praia, naquele mesmo lugar onde ocorreu o fato aqui narrado, vem do mar a voz rouca do cirandeiro, repetindo os versos de amor daquela noite em que a ciranda parou.