Então a menininha loura abriu a porta e entrou. Queria descobrir para onde levaria uma porta que de um dia para o outro, aparecera numa das paredes do seu quarto. Sua mãe não havia lhe acreditado dessa vez, talvez pelo fato de tantas outras não serem verdade, apenas invencionices da inquieta imaginação de Aninha. No entanto, lá estava uma porta, na parede do seu quarto, que por sinal, ficava no segundo andar da casa.
Aninha entrou e fechou a porta atrás de si. Estava no hall de uma casa muito grande, em sua frente havia um escada que levava ao segundo andar. No centro da sala havia uma mesinha bem pequenina que em nada combinava com as poltronas ao seu redor. Estas eram altas por de mais, com estofado de bolinhas vermelhas, mas pareciam ser muito confortáveis. Ao se acomodar em uma delas, não pôde deixar de notar quadros estranhos nas paredes. O primeiro que viu foi o retrato de sua mãe, parecia muito triste, quase chorando. Outro viu no alto da escada, enorme, com moldura dourada, toda trabalhada, o quadro era escuro e sombrio, onde havia um homem encoberto por brumas. Quando chegou mais perto identificou seu pai.
De repente ouviu passos do lado de fora da casa, correu em direção a janela e, afastando as cortinas brancas, avistou seu quarto. Enorme.
Aninha viu seus pais entrando no quarto. Estava na janela de primeiro andar da sua casa de bonecas.
- Papai! Mamãe! – Ela gritava da janelinha da casa de bonecas – Eu estou aqui, dentro da casa de bonecas. – Mas era inútil, eles não a ouviam, talvez por que estava muito pequenina, ou talvez por estarem gritando muito alto um com o outro.