Tomando um copo d água na cozinha, observou, pela primeira vez, as grades através da janela, que, através do vidro opaco, tinham sua imagem distorcida, ao passar pela área da janela em ângulo aberto.
Ele se identificava com as grades, com as imagens das grades, ou com o ar frio lá fora, naquela noite de setembro, com o vento circulando sem descanso?
Achava que era um pouco de cada.
Era as grades, quando se aprisionava em si, tenso e duro como o metal, e não se permitia desvendar o mundo em novas experiências.
Era as imagens das grades quando se tornava difuso e distorcido em sua mente, e era levado por uma profusão barroca e expressionista, tal como um Nosferatu sedento em busca de um troféu romântico que saciaria sua busca interminável em uma noite sem fim.
E era o ar frio lá fora quando corria esbaforido em busca da palavra certa, em um espaço aberto que ia do fundo do abismo verbal à estratosfera de uma imaginação imponderável.