Como era linda aquela pequena. Linda, e inteligente, dois predicados raros em épocas tão difíceis, assim era Laura, assim e muito mais. Os vizinhos sempre a comentar:
- Que desperdício! Casada com aquele fanfarrão do Jair!
Só ela sabia o que sofria nas mãos daquele mundano. Ela culta, inteligente, normalista formada, era uma intelectual, mas, disfarçava muito mal os maus tratos sofridos com o marido.
Tentou de todas as maneiras conquistar seu duro coração que se fazia inerte a todos os seus apelos. Magoada e cansada das bofetadas sem razão, planejava sua vingança friamente. Além de tudo isso, ainda havia a desconfiança de que era traída. Havia muitos indícios do adultério: ele já não a procurava mais, dormia fora de casa, o dinheiro faltava...
Mas ela não quis se contentar em apenas descobrir quem era a amante queria matá-lo. Pensou em várias possibilidades, mas teria que ser de uma maneira que não levantasse suspeitas. Teria que ser envenenado.
Chegou o dia. Ela tinha acabado de por veneno no prato do marido apagaram-se as luzes e ela se atrapalhou, não teve jeito, foi obrigada a jogar toda comida fora, chegou a sentir um alívio. A segunda vez foi quando Jair chegou em casa com ressaca, e pediu-lhe um remédio para a queimação no estômago, seus olhos até brilharam como se fosse ter o maior dos prazeres, era agora ou nunca, quando lhe estendeu a mão para tomar o remédio envenenado, as crianças atravessaram o caminho e derrubaram-no ao chão. Lá se ia mais uma chance dela ficar livre!
Noite de chuva, Laura na casa de sua mãe, resolveu ir-se embora e quando lá chegou, presenciou o marido a traindo com outro homem, pegou-o desprevenido. Como ele poderia imaginar que ela fosse chegar em baixo daquele temporal!
Desesperado Jair no súbito do flagrante empunhou o revólver, atirou em suas têmporas e caiu ao chão como veio ao mundo. Laura prostrou-se sobre o defunto e desesperadamente se pôs a chorar. E bradou aos quatro ventos enlouquecida:
-Tu nunca deverias ter se matado! Se eu soubesse jamais teria vindo! Até esse prazer me privardes! Tu és mesmo um canalha!
Katherine Rabelo
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