Quando eu estava na escola do interior vivia tentando fazer os meus alunos pensarem...
Faziamos teatro, analise em jornais, faziamos recortes pra juntar histórias e brincadeiras diversas com críticas e construções.
Fui duramente criticado pela direção, por uma equipe de colegas que aqui vieram inspecionar.
De formas que 10 dias depois chegou a minha exoneração do cargo que exercia e a minha solicitação urgente de regresso a capital.Poré a sociedade do interior por iniciativa própria, através de um abaixo assinado pediu a minha permanencia, mas sob a coerencia lúdica do Ai5, fui convidado a fugir ou a morrer sem ver a luz da independência.
O tempo passou, passou e a persseguição não cessava. mas o tempo passou.
Após o exílio voltei a cidade, entrei na escola particular por necessidade e outra vez, estava desenvolvendo a mesma idéias, quando o diretor me chamou. E embuido de argumentos reclamou de minha metodologia, respaldado no que os alunos diziam.
Entendi, mas não me curvei.
No outro dia me voltei a turma. Só que aí encontrei meia dúzia de setenta e seis. e como eram filhos de gente que podiam, outra vez, ainda sob protesto, fiquei desempregado.
Há pouco, já em nossos anos, em Brasília, na sala da ESAF, assisti a uma aula e ví que tudo o que praticava e dizia era tão certo quanto verdade.
Baixei a cabeça e chorei...
Ah os anos que perdi!...
Ah meu Deus, que bom que tudo mudou!
E feliz, sobre uma cadeira de rodas, fui parado por uma rapaz que se compadecer e disse:
- Viu o que o senhor fez!
- O País mudou!...
Sorrindo, olhei e o abençoei.
Era o meu neto, que como professor na sala, me abraçou e me indicava a olhar a bandeira brasileira alçada no píncaro do mastro, naquele horizonte anil, como o sol de um novo dia, dividindo com o fim de tarde carmim e os lírios brancos e vermelhos vistos por uma janela, de uns dos prédios, o lugar da liberdade, que hoje vós fala quase imperceptivel ao pe do ouvido. Pois os brasileiros já não agonizam de torturas, multiplicam, brigam e saem dos muros pelo acordar da cidadania.
É realmente um novo tempo!...
Falta agora fazermos a nossa parte, acordar e vÊr que o Brasil ainda é nosso.