Rodrigo era uma daquelas pessoas que podiam ser chamadas de "média". Tinha um desempenho médio na escola quando pequeno, atualmente trabalha em uma função média. Casou-se com uma mulher mais ou menos bonita, teve filhos mais ou menos sadios e é mais ou menos feliz.
Até aí, nada de diferente, o mundo está repleto de pessoas médias. Quem não tem um lado médio? Até mesmo esse escritor, que escreve textos "mais ou menos". No entanto, a situação começou a mudar no final daquele verão. Um dia desses, quando Rodrigo saía de casa para o seu trabalho médio, notou que uma pessoa meio estranha, de estatura mediana estava em uma posição meio suspeita, na metade da rua de sua casa. O nosso personagem principal (agora, ele também já é meio seu) nem ligou, tirou o seu carro da garagem e, quando ia trancar o portão, foi surpreendido pelo sujeito:
- Parado aí, seu Rodrigo! Esta arma está carregada e pronta para ser usada, embora eu não pretenda. Mais um movimento e ela ganhará vida própria!
- Mas o q-que é isso? - perguntou Rodrigo assustado - Deve ser algum engano...
- Que engano, Rodrigo... eu sou macaco-velho, deixa esse tipo de conversa para os seus iniciantes..
- Que iniciantes? Eu não sei de nada! - disse Rodrigo, já suando frio - Socorro! Alguém me ajude! - gritou desesperadamente
- Seu Rodrigo... esperava algo melhor de sua pessoa... francamente, você acha que algum dos patetas de sua rua vai vir aqui? No máximo chamarão a polícia, mas o delegado já ta sabendo!
- Tá certo... - Rodrigo, ainda meio assustado, viu que não tinha outra escolha - e o que você quer de mim?
- Ora essa... porque outra razão eu viria aqui? O chefe quer a grana!
- Agora não dá para pagar, rapaz... a situação ta meio difícil... o meu salário mal dá para pagar as dívidas... minha casa ta meio velha, meu carro meio quebrado e eu não tenho meios de conseguir mais grana... Mas... Êpa! Peraí... que dinheiro?
- Rodrigo... semana passada... você saiu do bar e dormiu com a Rebeca... falou pro chefe que pagaria a dívida hoje... ele tá esperando!
- Que Rebeca? Semana passada eu tava meio bêbado... saí mais cedo e vim direto para casa! Fala uma coisa dessas aqui, se minha mulher não fosse meio surda ela te ouviria e meu casamento tava ferrado... Agora você foi longe demais, seu safado!
Depois de falar isso, Rodrigo abandonou sua meia calma e partiu para cima do sujeito... Lutou bravamente para tentar pegar o revólver, mas foi meio devagar. Mais tarde, todos da rua estavam assustados e inconformados com a tragédia... quem passasse pela rua, ainda poderia ouvir de algum vizinho:
- Coitado do Rodrigo... não o conhecia muito, mas ele era meio legal... Foi meio esquisita essa sua morte... bem que eu tenho avisado que essa rua está meio perigosa...