Há dias em que tua ausência chega a sufocar. Tu não imaginas o desepero que dá não ter a tua pele branquinha e macia para saborear ao chegar em casa. Saber que não vou vê-la suando no tanque ou no fogão, usando o minúsculo short jeans — cortado menos de um palmo abaixo da virilha — que mostra em toda sua plenitude, cada nuance de cada um dos hematomas caprichosamente espalhados pelas tuas coxas roliças. Uns roxos, outros violáceos, outros já ficando esverdeados. Tenho ereções fantásticas ao me lembrar. Chego quase a gozar nas calças.
Uma das coisas que eu mais gostava era de te possuir à força. Hmmm... Principalmente quando ao chegar em casa, te encontrava só de baby-doll ou vestidinho curto, facilzinha, facilzinha. Minha bonequinha de carne bem quentinha, deliciosa de morder e de bater com força, com a palma da mão aberta. Batia até o nariz sangrar, enquanto te inundava com meu orgasmo quente. Tu fechavas os olhinhos, trançava os pézinhos na minha cintura e gemia baixinho, arranhando as minhas costas com tuas unhas de gata selvagem. Depois eu te obrigava a dormir no chão, junto com o cachorro. Que saudade, Cris...
Saudade de te amarrar no pé da mesa, completamente nua e deixar inesquecíveis marcas redondas com a brasa da minha cigarrilha na parte interna das tuas inesquecíveis — e roliças! —coxas de adolescente. Cada uma, um intenso orgasmo — marcado eternamente em tua carne, onde quer que estejas.
Molhadas lembranças sobre como eu costumava te beijar de maneira intensa, nossas língüas se entrelaçando como serpentes no cio, nossas salivas tornando-se apenas uma. Lembranças do teu grito abafado e borbulhante, quando eu, sem avisar, mordia a tua língüa com toda a minha força e conseguia decepar um pedacinho — só uma pontinha — e saborear a tua carne e o teu sangue quente. Doce e inesquecível pedaço de libido, banhado no molho tinto — e quente — da paixão.
Pode haver nesta vida algo mais maravilhoso do que a carne da mulher amada? Possuí-la, maltratá-la, acariciá-la, amaciá-la. Deixá-la marcada por dentro e por fora —cheiro de ferro quente, tiras de couro cru, salmoura.
Ah, Cris! Onde quer que tu estejas, eu sei que tu não esqueceste de mim. Mesmo que o teu novo homem te dê mais conforto material do que eu, ele não trata a tua carne da maneira que tu gostas e merece. Eu sei que tu acordas no meio da noite e tem orgasmos com as lembranças que compartilhamos.
Então, provavelmente — sou capaz de apostar! — tu vais em silêncio até o banheiro, levando um cigarro ou uma vela acesa para saciar o teu corpo e reviver por alguns momentos o tempo em que eras feliz ao meu lado e não sabias.