Estava eu em uma festa, quando a vi. Fui cumprimenta-la, e percebi que estava de mãos dadas a outro... Meu coração se partiu ao meio, lhe sorri e fui...
Amigos falavam e eu não ouvia, pessoas riam e eu imitava-as, em nada pensava, apenas nela, em seus olhos, em seus sorrisos, em sua boca...Era qualquer um, seu pai, seu irmão, seu avô de vinte anos, menos seu amado...Não! Não era verdade, ela não viria...Mentira para mim...?
Risos alados...Falatório alado...Pessoas aladas...Assuntos alados...Um amor que voa juntamente com os pedaços de coração que se estilhaça, como uma taça de cristal, ao ouvir o murmúrio de uma cantora de ópera...
Não...! Algo estava errado... Tenho de ter certeza, tenho de encontra-la novamente...
Voltas pelo salão, nada...pelo gramado, nada... Cansaço... No físico e na alma... A fria, a gélida noite, apenas refletia meu estado de espírito... Pior... Era pior... Ao menos a gélida noite tinha a lua para desabafar, para servir de companhia, para aquecer o coração...
Fomos, amigos e eu, descansar... E como em um passe de mágica ela entrou, cumprimentou-me com um sorriso, e foi, com ele, procurar um lugar para ficarem, e como uma Dalila, tirou minha força remanescente, ao ficar a uns quatro metros de mim, a minha frente, e com sua boca, fina, constante, singela, tentadora, sedutora, amante, beija-lo, abraça-lo... Hemorragia interna de lágrimas, e novamente a cantora de ópera murmurou...
Durante aproximadamente trinta séculos vi aquela cena, e após esses trinta minutos, fomos embora, eu e minha tristeza, e talvez, meus amigos...