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Contos-->Contos de viagem: Imigração -- 05/02/2003 - 13:13 (Renata Damus) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ontem fui lá na Imigração e... CHOREI DE RAIVA! CHOREI!!! Vou contar a história de como tudo aconteceu.

Essa seria minha primeira ida à Imigração sozinha. Imaginem vocês pegar ônibus, metrô e táxi pra chegar lá sozinha, sem falar espanhol.
Me preparei antes de sair de casa, fiz um itinerário e escrevi num papelzinho todos os nomes que eu deveria saber: "ônibus para Tacubaya, metrô para El Rosario e táxi para Imigracion en Ejercito Nacional". Perfeito. Saí sentindo aquela dorzinha de barriga de nervoso... básico.

Fui numa boa, sem nenhum problema. Que viagem tranquila! Nenhum problema para tomar o ônibus certo, no metrô segui todas as plaquinhas e cheguei na plataforma certa, tudo conforme o que estava escrito no meu papel.

Não vou mentir: fiquei com medo do taxista querer me roubar (o que é normal se você dá uma de mané). Antes dele falar quanto tinha sido a corrida, eu já soltei um "foi 12 pesos, no?" no mais rico portunhol. Claro que ele falou que sim, afinal afirmei com tanta convicção que não tinha como ele dizer outro valor.

Saí confiante do táxi, tudo tinha dado certo até então e eu já estava lá na Imigração.

Lá dentro, aquele mundaréu de gente. Sem me preocupar, segui confiante para a minha tão conhecida fila - Recepcion de documentos. Quem recebe essas coisas é o Marcelo, um típico mexicano-funcionário-público-bigogudo, que fica com cara emburrada, dizendo não pra tudo e carimbando, carimbando e carimbando. Dane-se quem está ali na frente dele: a papo é ali com o colega que está no guichê ao lado.

Chegou a minha vez. Pensei "vou tentar a tática de ser amiguinha, já vou chegar falando o nome dele", mas a coisa não funcionou desde o princípio. Ele fez sinal com a cabeça que ia me atender, eu fui já com o sorriso no rosto, mas o papo com o cara do guichê do lado estava no auge e o tal Marcelo nem olhou na minha cara. Quando ele finamente olhou pra frente, nem olhou nos meus olhos - a tática do sorriso falhou. O diálogo que se seguiu será traduzido para o português a partir daqui, porque vocês não iriam aguentar ler o meu portunhol magnífico.
- Olha Marcelo, só ficaram faltando esses documentos, então...
- Onde está o ofício?
- Ah! O ofício! Ficou com o advogado da empresa, então...
- Sem ofício nada feito. Vai ali no guichê do lado e pede uma cópia.
Pensei "bem, é só pedir uma cópia. Fácil. Pego a cópia, entro nessa fila imensa de novo, porque o Marcelo não atende quem está fora da fila (já tentei isso numa outra vez) e eu vou embora daqui rapidinho".

Mais um guichê, mais uma fila e, de novo, quando chega a minha vez:
- Eu queria uma cópia...
O homem ia me atender tinha acabado de chegar e me pede um minutinho para terminar a conversa e as risadinhas com a colega que estava terminando seu horário.
- Pois não?
- Eu gostaria de uma cópia desse ofício.
- Onde está o original?
- Ah, ficou com o advogado da empresa e o Marcelo está pedindo agora e...
- Para conseguir uma outra cópia do ofício, você tem...
Só para resumir, ele começou a me mostrar que eu teria que entrar "naquela fila ali" e apontou para uma que ia até a porta. Depois teria que pedir um formulário, preencher, ir no banco, pagar, depois voltar ali e esperar não sei quantos dias úteis para pegar a cópia.
Eu fiquei olhando pra ele com cara de interrogação... AQUI É IGUAL O BRASIL!, pelamordeDeus!
Não sabia o que fazer, afinal meu idolatrado irmão havia me dado 50 pesos para meu translado todo e o máximo que eu teria de dinheiro sobrando seriam uns 10 pesos no máximo, não ia dar para pagar a tal cópia. Não conseguia acreditar: outra ida à Imigração em vão.

Saí de lá consternada, xingando tudo e todos (por dentro, lógico). Nem consegui pensar direito para onde eu ia, "qual é mesmo o nome da direção do metrô que eu tenho que ir?". Porra, são 11 linhas de metrô, pra me perder é fácil, fácil.

Entrei no táxi para ir ao metrô e desatei no portunhol carregadíssimo sem parar, o taxista até se assustou. E eu só falava que não aguentava mais ir e voltar da Imigração em vão e que eu queria trabalhar e que tinha vindo por causa do meu irmão e que estava sem dinheiro e "deu 12 pesos, no?".
- Olha, deu 14, mas vai ficar 12 pra você, não tem problema, não tem problema.
Coitado, tão bonzinho, foi o único sorriso que eu recebi nesse dia. Agradeci um milhão de vezes!

Já no ônibus, consegui sentar no único lugar vago e já estava fechando o olho para poder chorar baixinho a raiva que eu sentia quando entra um velhinho. Putz grila, não dá pra ver um velhinho e não ceder o lugar. Eu sei que é feio, mas juro que pensei "outra pessoa levante por favor", mas aqui é pior que o Brasil - o povo vira a cara, fecha o olho fingindo dormir, não tem jeito, NINGUÉM DÁ O LUGAR. Lógico que o olho do velhinho bateu justo no meu, tive que levantar, meu senso moral grita comigo se não fizer isso. "O ônibus lotado de mexicano e uma brasileira levanta para dar lugar... que raiva!"

Desculpem meus amigos mexicanos, mas a raiva no momento nem era por causa do México nem do povo daqui. Eu até já tinha falado que esse país seria maravilhoso se excluissem todos os funcionários públicos. Os daqui são piores que os do Brasil, com certeza!

Assim que cheguei em casa, liguei para meu irmão pedindo para ele encontrar o tal ofício que o Marcelo pediu, eu sabia que estava na empresa.

Ainda bem, ele encontrou e levou pra casa e hoje poderei voltar na Imigração DE NOVO. Saio daqui a pouco para outra peregrinação e depois que eu voltar conto como foi. Desejem-me sorte, por favor. Preciso muito!
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