Enquanto o criado, alumiado pelo candelabro que carregava, atravessava a sinistra combinação de apartamentos do vasto e intricado castelo, o amo, que o acompanhava, sussurrou-lhe ao ouvido que, se ele não fizesse conforme ordenara, poderia, certamente, passar uma semana sem saborear aquela coisa que ele apreciava tanto.
O vampiro:
― Quando os operários finalmente chegarem com o suprimento, quero que você se comporte como lhe expliquei.
― Sim, senhor, meu amo. Eu os receberei da forma que o senhor me ensinou. Do contrário, o senhor pode...
O vampiro fez um rápido gesto com a mão, e o criado calou-se imediatamente.
― Falta muito pouco para chegarem. Não sejamos impacientes, meu caro servidor. A impaciência gera a própria impaciência. Assim, o relógio da vida de cada um deles poderá atrasar. E você não quer isso, não é mesmo?
O criado balança a cabeça negativamente, dizendo:
― Lógico que não. De forma alguma. Nós... ou melhor, o senhor depende da chegada deles, e com a ausência deles, o Fluido da Vida será em vão.
― Então a nossa conversa encerra aqui.
Com isso, o vampiro se encolheu, dirigindo-se sorridente para o seu aposento. E o servidor, como sempre, passaria a noite no galinheiro. O que fazia lá...
No dia seguinte, os operários chegaram bem cedinho. Três caminhonetes com suas carrocerias apinhadas com a carga, o Fluido da Vida. Foram necessários mais de dez homens para transportar as caixas para as quatro enormes geladeiras na imensa e descomunal cozinha. Um serviço demasiado exaustivo.
O líquido era engarrafado. Seis garrafas em cada caixa. Mais de quinhentas caixas. O vampiro passaria os seguintes meses feliz com o seu saturado estoque de leite.
Mais tarde, quando as caminhonetes já haviam partido, o criado retorna novamente ao galinheiro com uma cesta. Recolheria os seus tão esperados ovos.