Logo que Tunico completou 12 anos, ele foi trabalhar no mercadinho do Arão. Fora contratado para vender frutas e verduras à domicílio. Arão preparava a cesta, relacionava a mercadoria, botava o preço, fechava a conta e dizia para Tunico: “30% é seu e 70% é meu. Tunico saia para vender e meia hora depois retornava com a cesta vazia. Embolsava os 30% e repassava os 70% para Arão. Tunico tinha fama de bom vendedor. Vendia de cinco a seis cestas ao dia, enquanto o seu companheiro Zeca suava para vender duas cestas. Até que um dia Zeca, já desconfiado, seguiu o Tunico. Descobriu que metade de cada cesta ele dava de graça para as donas de casa da periferia. Mas como ele conseguia dinheiro para acertar com Arão e embolsar os seus 30%? Perguntava-se o Zeca. Sem respostas, Zeca passou a vigiar Tunico, enquanto o patrão refazia a cesta do companheiro. Foi quando Zeca pegou Tunico retirando dinheiro da gaveta do Arão.
Zeca ficou intrigado. Foi perguntar a Tunico: “ Tunico! Porque ao invés de você ficar com todo o dinheiro que tiras do patrão, o devolves em forma de pagamento da nova cesta?
Tunico, sem saída, teve que confessar: “Ô Zeca, aprende! O que é que eu vou fazer com dinheiro frio. Com 100% dá muito na cara, né. Já ouviste falar em sinais exteriores de riqueza, quebra de sigilo bancário, etc.? Não quero problema com o Imposto de Renda, meu caro!
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Depois,Tunico, cresceu, formou-se em engenharia e montou uma construtora. Agora só faturava para o governo e tinha fama de ser um bom pagador de imposto. Boa parte do que comprova sobrava, no pátio de construção e então ele doava como sucata para os mais necessitados da periferia.
- Iguais os tomates, laranjas e as maças, da época do mercadinho do Arão?
- Exatamente!
- Então está explicado porque hoje ele é senador.