“Santo anjo do Senhor, meu zeloso guardador, a ti confiei minha piedade divina, sempre reze e me guarde, governe e ilumine, Amém”...se resumia a isso, uma oração que sua avó costumava lhe sussurrar ao pé do ouvido antes de dormir, a sua crença em anjos e nada conseguiu fazê-lo mudar.
Numa quarta feira fria porém, quando o a lua tomara o lugar do sol no céu, aconteceu; ele mudou, pois havia visto o primeiro anjo de sua vida.
Linda visão; sentiu, já no instante em que avistou o anjo, perder o controle dos sentidos. Sua visão só tinha foco em seu rosto, o olfato só sentia o cheiro do cabelo e da pele da criatura angelical à sua frente; os outros sentidos? Se entrelaçavam num turbilhão de sensações que apareceram num piscar de olhos.
Naquele mísero instante sentiu que já não possuía razão; a havia perdido na imensidão daquele olhar, no jeito meigo, no sorriso perfeito; e, isso não o perturbava já que nunca se sentira tão sereno, como que adormecido eternamente num sonho de criança.
Só conseguia ter uma única certeza nessa profusão de cores que dominava seu antigo coração preto e branco; estava apaixonado e tinha medo de acordar desse sonho, descobrindo que seu coração empalidecera sentindo a falta do anjo que partira sem deixar bilhete.
Tinha medo de acordar, preferia ficar nesse sonho onde tinha certeza que um dia talvez pudesse tocar os tão lindos lábios do seu anjo; seu anjo chamado...