São engraçadas as idéias que se tem das coisas quando se é criança. Isso eu que o diga.
Numa manhã dessas, fiquei encucada ao ver o meu pirralho com o olhar fixo no chão. Observei-o por alguns instantes. Tudo o que fazia era olhar para o nada e ficar forçando e abrindo os olhos repetidamente.
Fui me aproximando devagarzinho e ao notar minha presença, ele se virou e falou com aquela cara marota que só as crianças possuem:
- Olha! Olha! – e apontou para uma parte iluminada do chão. – Eu consigo diminuir e aumentar a luz do sol, quer ver? – E ficava repetindo os movimentos com os olhos.
Curiosa era a convicção que ele tinha que era ele que estava fazendo aquilo.
- Pedrinho... – chamei-o.
Ia contar para ele que, na verdade, aquela “diminuição de luzes” ocorria por causa das nuvens que passavam, e não pelos seus “superpoderes”.
- Que foi, mãe?
Quando vi no seu rosto toda aquela inocência acumulada nos seus cinco anos de vida, não tive coragem de quebrar toda aquela “magia” de sua descoberta.
- Puxa! Como você fez isso?
- Ah! Isso é fácil! Toda vez que agente fica quase fechando o olho, a luz vai diminuindo assim, vê só...
Descobertas são feitas ao longo da vida. No tempo certo ele descobrirá a verdade sobre essas e outras nuvens...