Antes de tudo gostaria de pedir desculpas por enganar vocês. Nunca eu poderia chamar essa escrita rudimentar de "diário". Eu não escrevo todo dia. Eu não relato o que acontece no meu brúmeo quotidiano. Desculpem-me. Apesar que acho que vocês devem supor como é o dia de um interno manicominial: ser acordado sem muito carinho, tomar um fartíssimo café da manhã de fome, um pouco de banho de sol através da grade, aproveitar o banquete sagrado e quase azedo, um pouco de televisão, dormir, comer, dormir. Eu converso pouco com os loucos de verdade. Não que eles não tenham coisas interessantes para falar, muito pelo contrário. Elas dariam assunto para eu consumir todas as folhas restantes do meu caderno. Por falar no caderno, foi minha mãe quem trouxe, na única vez que ela veio me visitar. Logo depois ela morreu. Meu pai eu nunca conheci; e minha mãe nunca falou sobre ele. Não tenho irmãos e nenhum outro parente. Só não digo que estou sozinho no mundo pois eu sei que Deus e a Morte estão em todo lugar.