Ao chegar em casa, Sérgio ouviu a notícia:
_Vá tomar banho logo, pois seu chefe vem jantar aqui em casa hoje.
_Mas mãe, o quê que aquele pulha quer aqui?
_Olhe o respeito com o senhor Antunes, seu moleque, chamou a mãe a atenção do filho. Ele vem aqui para pedir a mão da sua irmã em namoro.
_O quê!? eu ouvi bem? Então o senhor Antunes está de olho na Clarinha? Ah! então é por isso que aquele escroque estava me tratando melhor esses dias.
_Eu já disse para ter respeito com ele. Talvez ele entre da família e seja em breve teu cunhado...
_E a senhora acha isso certo? Aquele velho não faz um ano que enviúvou. Que vergonha!
_Não tem nada de mais. Ele é um bom sujeito, tem muitas posses, e vai conseguir fazer sua irmã feliz.
_E a doença dela? Todo mundo sabe que a Clarinha tem problemas mentais graves, minha mãe. Será que o safado não se importa com isso?
_Ele não é nenhum safado, disse a mãe já perdendo a paciência. Não sei por que você implica tanto com o seu patrão, se foi ele que te deu emprego, mesmo você não sabendo nem redigir um ofício...
_Provavelmente o canalha já estava com tudo planejado...
_Mal agradecido! Vá para seu quarto!
Sérgio foi. Entrou no seu aposento e pegou a foto na qual ele a irmã estavam juntos, numa viagem para a casa dos tios no interior. Seus pensamentos retrocederam dez anos, quando aquela menina da foto não precisava de remédios e nem de um namoro; era apenas sua menina.