Estou à procura de uma revelação. Sinto que estou em falta em algo que não sei precisar o quê é.
Mas não é de qualquer revelação; é a revelação do sagrado. O sagrado criou o homem, e o homem criou o sagrado. E vice-versa. E eu sou um homem. Um homem que sente a si mesmo com o coração. Pena não ser isso suficiente para me revelar algo realmente catártico.
Todos nós dependemos de Deus. Dependemos de Deus por sermos frutos de um pecado. Enquanto o sagrado não nos dá seu sopro divino de luz, ficamos vagando na têneu região da Bruma, que tanto nos acalanta e repulsa, e de onde só conseguimos sair pelas mãos do sagrado. Ninguém sai de lá sem atravessar as águas barrentas do rio; as margens multiplicam-se: não são mais duas, são três, quatro, cinco. São quantas o sagrado quiser.
Eu tenho e terei a eterna chance da salvação através do sagrado. Que isso sirva-me de consolo se eu não conseguir chegar até a outra margem.