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Contos-->Diário de um aidético... -- 14/04/2003 - 17:12 (Carlos Rogério Lima da Mota) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
I


O quarto permanece escuro... Chove muito! Por todos os cantos só se ouvem gritos, choro, preces de mulheres desoladas, que sentadas em um banco de madeira, cobrem-se com um fino manto de lã, na tentativa de suportar o clima gélido do corredor.

A melancolia, como aura, varre a alma e a mente daquelas pessoas, fazendo-as clamarem por paz... Uma figura alta, de cabelos grisalhos, postada a alguns metros, com metade de um cigarro entre os dedos da mão direita, acompanha tudo com certo incômodo.

A porta do quarto se abre, entram algumas pessoas e novamente se fecha... Minutos depois, é escancarada, para que a maca possa invadir o corredor e levar o doente, um jovem de 23 anos, que arqueja, antevendo o trágico fim.

Uma das mulheres se levanta, possivelmente a mãe, toca-lhe na face, tenta dizer-lhe algo; dominada pelo momento, cai em desespero, sendo contida pelo médico, outro jovem, da mesma idade de seu filho.

A maca prossegue seu trajeto, todos se erguem para ver o pobre garoto passar. Abrem-se as portas do CTI, os equipamentos o aguardam... Entubado, o rapaz tenta, mais uma vez, resistir à morte, este mal que o envolve, com sagaz voracidade e sem qualquer ressentimento.

Olhando-o pelo vidro, a mãe reza, à espera de um milagre; oferece sua vida em troca da dele. Mas o céu está reticente. O menino deve mesmo partir!

O tempo corre, o relógio digital da sala de espera marca 20h.

Cada vez mais pessoas chegam, todas se aglomeram, esperando o pior... E o que seria o pior? A própria MORTE!

O rapaz, com os cabelos ralos, a pele embriagada por uma altissonância ignescente, absorve cada molécula de oxigênio - enviada pela moderna aparelhagem - como se fosse um enorme presente divino. Seus olhos, intumescidos, transportam-no a um enorme jardim, todo florido, com aroma de rosas selvagens. No céu azul, cumprimentam-lhe os pássaros... Tudo lhe traz a sensação de liberdade que a sociedade não consegue recriar com todo o dinheiro que lhe corre nas veias.

O equipamento que lhe marca os batimentos cardíacos apita, a correria aumenta, todos tentam evitar o inevitável: sua morte! O que era temor, torna-se realidade em poucos minutos...

A mãe do garoto surta pela dor, sendo contida pelos braços fortes daquela figura alta, de cabelos grisalhos, seu ex-marido, a quem não via há mais de 20 anos e que, por obrigação, encontrava-se ao seu lado, sem que qualquer lágrima caísse sob o envelhecido rosto, pela morte de um dos filhos.

Cabisbaixo, o médico responsável pelo plantão recolhe-se ao consultório após assinar o motivo do falecimento.

No dia seguinte...

A mãe do falecido garoto, ao entrar pela primeira vez no quarto do filho que tanto amava, encontra sobre a cama, em meio aos cobertores, um pequeno diário. O rapaz o havia deixado antes de voltar ao hospital pela última vez.

Sentada, passa a manuseá-lo na esperança de trazer o filho de volta, pelo menos nas lembranças. Na primeira página, o susto. Nela continha a seguinte frase: "Diário de um Aidético".

II


Não contendo as lágrimas, ela deixa o diário sobre a cama, afasta-se até a janela, visualiza os longos terrenos circundantes, como se estivesse à procura do filho, que agora fenece como as flores no inverno.

Tudo parece comover-se diante de seu desespero... O sol, em luto, esconde-se atrás de grandes nuvens. Os pássaros não voam; acomodados nos galhos das árvores, esperam o momento certo de partir.

Por um instante, toda aquela apatia cai por terra ante a chegada de um pequeno menino, de uns 8 anos, que corta os terrenos com sua bola de futebol.

Acompanhado pelos olhos semicerrados daquela triste mãe, o menino senta-se ao chão, olha todos os cantos, como se ali também estivesse à procura de alguém. Passam-se os minutos...Para disfarçar a impaciência, ele pega a bola e faz algumas embaixadas e, numa delas, olha para a janela do quarto onde estava a mulher.

Seus olhos se cruzam. Desnorteada, a mulher não entende o garoto, que lhe acena com um largo sorriso.

Movida por um oceano intrínseco de ansiedade, ela corre até a porta, almeja falar com aquele menino, dizer-lhe algo, talvez abraçá-lo, e sabe lá mais o quê... Quando chega ao terreno e o vê diante de si, fecha os olhos, pensa estar enlouquecendo... Recobra os sentidos após ouvir a criança lhe chamar: _Mãe! Já fez o bolo de que lhe pedi?

Ao abrir os olhos, não havia mais ninguém...O menino havia partido com o vento, rompido a lei da racionalidade e bagunçado sua mórbida e frágil linha psíquica.

Caída ao chão, verte-se em lágrimas...

III


Dias se passam...

A casa está tão triste quanto antes. A pobre senhora fecha-se para o mundo, esquece-se de si, de sua família e entrega-se, aos poucos, a uma violenta depressão. Dificilmente conseguirá sair deste estágio - é o que pensam seus outros filhos, uma vez que o finado garoto era o descendente que mais amava, despertava interesse... Não que não apreciasse os demais, pelo contrário, tinha estima por todos, entretanto, o que se foi era o caçula, aquele que mais mimou, deu seu tempo para cuidar.

Tinha vontade de voltar ao quarto dele, fechado desde o momento daquela visão. Desejava ver o restante do diário, saber o que ele tanto escondia nas páginas daquele livro - seu fiel e mudo confidente!

_Mãe, o que está acontecendo? Faz mais de 10 dias que a senhora não vê o sol. O que espera de tudo isso? Quer morrer...? Meu irmão se foi, mas estamos aqui e, como ele, precisamos muito de seu amor, afeto. Por favor, enxergue-nos!- diz a filha mais velha, tocando-lhe o ombro direito, enquanto ela lavava a louça do café. Mãe...- insiste a moça. Mãeee...

Infelizmente ela não estava ali, sua mente a transportara para uma outra dimensão, longe da dor e do sofrimento - personagens atrozes desse folhetim.

O filho do meio se aproxima, beija-lhe a face e tenta lhe dizer algumas palavras amigas.

A mulher termina de lavar a louça, desliga a torneira, joga o guardanapo sobre a mesa e dirige-se ao quarto do garoto. Não agüenta tanta pressão e entrega-se à curiosidade... Ao abrir a porta, sente o aroma da morte oscular-lhe a alma! Todos os seus gestos são acompanhados pelos filhos, há pouco ignorados.

Ao sentar-se na cama, ela retira o diário debaixo dos cobertores, abraça-lhe com força, como se fosse o garoto, desfazendo-se em lamentações. Vendo o objeto, o filho mais velho questiona:

_Um diário? De quem é? De meu irmão?

A mulher apenas soluça.

_Deixe-me vê-lo, mãe, por favor!- pede a filha.

A mulher entrega-lhe o livro. Ao abri-lo na página três, a moça surpreende-se com os seguintes dizeres:

"Dedico este livro ao meu filho, que nascerá em três meses...”

IV


A notícia cai como bomba. A pobre senhora levanta-se de ímpeto, e diz, por repetidas vezes, como se estivesse possuída por algo desconhecido: "Um neto! Um neto?!! Eu tenho um neto...como pode?"

Descontrolada, aproxima-se da filha, toma-lhe pelos ombros e insiste:

_Eu...eu tenho um neto? Fale!!! Eu estou sonhando? Isso é um pesadelo ou o quê? Fale!

A saliva corre-lhe pelos cantos da boca, encontrando-se com o suor, que vem do alto da cabeça, meio que desorientado.

_Pare!!! Pare com isso, mãe...- pede a filha. Pare, por favor!!!

O filho a imobiliza pelas costas e tenta, apesar de também surpreso com a notícia, mantê-la ainda presente a este mundo, ancorada à condição de um ser pensante.

Aura descompassada atravessa o local, toca as árvores, que agitam, agitam, como se pudessem falar, transmitir de alguém ou algum lugar, a resposta que tanto a mulher almejava conhecer. No íntimo ela sabia, uma criança estava perdida por este mundo, sabe lá com quem e filho de qualquer mulher da rua, pessoas as quais seu caçula se relacionava e motivo pela qual contraíra o vírus da morte.

O diário, caído ao chão, parecia conter muitas revelações de um rapaz considerado puro, digno de ações maravilhosas que, por algum motivo ingênuo, talvez uma paixão, tenha se desviado para caminhos tortuosos, sem volta.

Remediada a situação, o filho apossa-se do diário e com ele à altura dos olhos, decreta:

_Vou queimar este diário... Apagar os erros que nele estão contidos é a melhor maneira de se evitar mais sofrimento... Deve virar cinzas como seu dono!

_E queimando-o conseguirá extrair da história de nossa família tudo o que nosso irmão cometeu de errado? Conseguirá fazer com que as lágrimas de nossa mãe nunca tenham corrido o chão desta casa? Fará com que esta criança, num passe de mágica, deixe de existir?- pergunta a garota.

_Não sei! Prefiro vê-lo pó, a saber das coisas que nosso irmão cometera...Prefiro o pó a desvendar sua face oculta. Ler o que está aqui seria como devassar, com crueldade, uma história mal resolvida e não temos este direito! Opto por enterrá-lo junto ao seu dono!

_NÃO!- determina a mãe, numa voz fina e quase incompreensível. Ninguém apagará a história de seu irmão...O que ele escreveu, representa, de alguma forma, o que deixou de ser para transformar-se no que teve medo de revelar a todos nós...Ninguém rasga as páginas da vida de uma pessoa e finge que ela não existira, que nunca esteve neste mundo. Vocês não entendem, neste livro há explicações para tudo que indagávamos quando ele saía pela noite, sem destino, à procura daquilo que tínhamos medo de saber...Deixe o diário, feche-o, ele nada mais é do que a imagem avariada do irmão de vocês! A explicação do original que nunca deixou de ser um rascunho!

Levantando-se, a mulher se dirige à porta, como se caminhasse para um abismo. De costas para os filhos, deixa a seguinte frase voar pelo quarto:

_Agora só penso em encontrar meu neto!

Minutos depois...

Fechada em seu quarto, deixa a cabeça cair sobre os braços. Está letárgica. Ao saber da existência de um neto, teve vontade de gritar, não de dor, mas de alegria, porque seu filho continua vivo, no sangue de uma criança ainda desconhecida, que vaga por este mundo, à espera da avó que o ajudará a ser alguém na vida.

Mas como encontrá-la? O mundo não é grande o bastante para que passasse séculos e mais séculos atrás dela, sem sucesso? Por onde deveria começar? Bem, ela não sabia, mas tinha uma certeza, poderia passar o tempo que fosse, encontraria esse neto e o acolheria nos braços, com o mesmo carinho com que acolhera todos os seus três filhos.

Pôs-se em pé, foi à janela, avistou a região, arfou e deixou a mente levá-la para um lugar mais calmo, completo pelo desejo intenso de continuar vivendo, acreditando na existência de um Deus, aquele que o auxiliaria na busca pelo tão almejado neto.

Todos os devaneios cessam quando seus olhos avistam, ao norte, a figura sinistra de Paulo, o melhor amigo de seu filho. Parece estar drogado, tomado pela imundície do mundo; de qualquer forma, algo a avisa de que aquele garoto sabe alguma coisa sobre seu neto. Vendo-o sumir entre os becos, grita por ele, no intuito de que parasse, visse-a e voltasse para encontrá-la...

Grita tanto que seus filhos vêm da cozinha na intenção de contê-la; debalde. Não tendo êxito na empreitada, a mulher veste as chinelas e sai pelos cômodos da casa. Ao chegar à rua, acaba tomada por uma sensação mística... Todos os prédios e casas olham-na de forma sinistra, como se tentassem impedi-la de prosseguir em seus propósitos e sofrer muitas outras vezes.

Chegando pelas costas, os filhos, amedrontados, perguntam:

_O que há, mãe? Fale, por favor!

Mesmo cerceada pela inconstância da vida, ela arrisca, passa pelo portão, entra em um mundo desconhecido, devastado pelas drogas, na esperança de que seu neto ainda possa ser resgatado da dor e da tragédia em que, sabe lá por quê, estaria inserido.

Corre, corre, até suas pernas já não mais lhe obedecerem. Quando Paulo passa diante de seus olhos, agarra-o, brutalmente, pelas costas.

Ao virar-se para ver quem o impedia de prosseguir em seu confuso destino, o rapaz pergunta, num misto de surpresa e desespero:

_Do-dona Joana...mas...mas...o que há?

_Onde está meu neto, Paulo?- pergunta a mulher, com os lábios tomados pelo pânico.

V


Paulo não consegue dizer nada diante do susto que sentira ao ver a mãe de seu melhor amigo, naquele descontrole, questioná-lo sobre um suposto neto.

_Onde está meu neto, Paulo? Por favor, diga!

Com os olhos marejados, a mulher o prensa contra a parede, suplicando pela resposta. O rapaz, ainda que comovido, continua emudecido, talvez porque estivesse sob o efeito de alguma droga, o que, na prática, dificultava seu entendimento.

_Por favor, Paulo!!!

Não suportando a dor, ela deslizou-se pelo corpo do rapaz até encontrar o chão.

_Que neto, dona Joana? Do que está falando?- arrisca o jovem. Que eu saiba, não há neto algum...

_Meu filho disse...- um misto de soluço e tosse interrompe a pobre mulher, uma guerreira de fibra, que tenta, ainda que com as forças esvaecidas, manter viva a imagem, a presença e as lembranças de um filho que o mundo lhe tirou. A muito custo dá seqüência ao diálogo. Meu filho disse que seria pai...Eu li em seu diário!!! Ajude-me, Paulo, por favor! Diga, onde está meu neto? Fale! Eu lhe imploro!

Assistindo-a de uma distância considerável, os dois filhos não têm coragem de se aproximar e salvá-la daquele horrendo momento. Optam por retornar a casa.

Paulo pega a mulher pelos ombros e a levanta, dizendo:

_Sinto não poder fazer nada pela senhora...Como disse, não sei do que fala. Vá para a casa e esqueça tudo isso, na certa, pregaram-lhe uma peça de mau gosto...

_VOCÊ CHAMA MEU FILHO DE MENTIROSO, RAPAZ?- Volta-se, com ira, à figura magra e pálida do drogado.

_Não! – titubeia.

_Saia de perto de mim...Alguém que chama um filho meu de mentiroso não é uma pessoa confiável! Saia de perto de mim...

_Do-dona Jo-Joana...

_Saia!!! Saia daqui, saia...

_Perdoe-me!

A mulher vira-lhe as costas, mordendo os lábios, numa tentativa desesperada de conter o choro que insiste em macular sua alma. Desnorteada, segue pela calçada suja do bairro, sendo acompanhada pelos olhos arregalados e luzentes do jovem e condenado rapaz.

Ao entrar em casa, Joana avista os dois filhos, em pé, de malas feitas, com o diário em mãos. Não entendendo a situação, a mulher arfa até encher os pulmões de ar, arriscando em seguida:

_O que há aqui? O que são essas malas? E o que fazem com o diário de Bruno nas mãos?

VI


_Estamos indo embora, mãe!- responde a filha, numa voz quase inaudível.

_Em-embora...? Como assim?

_Estamos cansados de tudo isso... Bruno morreu e não queremos morrer com ele. Sentimos muito sua perda, mas não podemos deixar de viver, acreditar no futuro, porque ele se foi...Nós também o amamos muito, mas ele se foi! Hoje se encontra melhor do que antes. Entenda-nos, mãe! Não queremos mais sofrer, nos deixe ir; queremos poder voltar a sorrir, namorar, sonhar uma vida mais feliz, ter nossos próprios filhos... Por favor! Perdoe-nos, não agüentamos mais...- diz o rapaz, a cópia fiel da mulher que um dia existiu e que, por infortúnio do destino, não se encontrava mais neste mundo.

A história da vida de Joana, como por magia, correu-lhe diante dos olhos... Viu-se pequena, no colo do papai que amava; na escola, diante da primeira professora; no velório da mãe; no altar, junto ao homem que havia escolhido para viver até os últimos dias e que o divórcio separara; no hospital, ao lado do filho que partia, vítima da Aids; nos braços do filho, no momento em que encontrou o diário, quando viu Bruno novamente, naquele terreno, com sua bola na mão...

Pela primeira vez, percebe o quanto está errada e o quanto fez sofrer seus outros filhos, que, por erro seu, exclusivamente seu, agora partem.

Todo este tempo, ela tentou manter Bruno vivo de alguma forma, ainda que matando aqueles que também tanto lhe amam...Deveria corrigir todos os erros, ter seus filhos novamente debaixo de suas asas, amá-los como antes; Bruno não estava mais aqui, mas um lugar de luxo em seu coração a ele estaria reservado para sempre.

_Mãe...- pergunta a filha... o que há???

_Dêem-me este diário...- pede a mulher, num ar de serenidade, há muito não visto.

_O que fará?- pergunta o filho.

_O que eu deveria ter feito há muito tempo. Vamos, entreguem-me este diário.

_Pense no que irá fazer mãe, para que não se arrependa...- aconselha a garota.

_Não há arrependimento que sobreviva ao que eu fiz com vocês...

O rapaz lhe entrega a “história de Bruno”. Cabisbaixa, ela dá três passos em direção à cozinha. Ainda de costa, pede:

_Guardem suas coisas, o sofrimento terminou!

Os dois se olham e não conseguem chegar a uma resposta, pelo menos racional, à mudança súbita daquela que tanto amam. Abrindo a porta que dava para o quintal, a mulher olha o céu e deixa o vento levar muitos pedidos de desculpas, pelo que iria fazer, ao filho morto. Abre a lata de lixo e vai rasgando, em pedacinhos, cada folha daquele que fora, por intermináveis dias, o seu único companheiro.

Testemunhas daquela cena sofrível, os filhos choram, afinal, a neblina que havia pousado sobre a casa cede, enfim, aos raios solares e à paz, que de maneira ousada, invadiram o local.

_Perdão pelo que lhes fiz!- pede a mulher, ainda de costas, enquanto rasga as páginas. Não conseguia perceber quanto mal lhes fazia com a paranóia que, sei lá porque, insistia em manter...Eu estava cega, queria apenas que o irmão de vocês não morresse e, de maneira inconsciente, quase matei a todos nós...Desculpem-me! Quando vi as malas na sala, senti a mão de Deus pesando sobre mim! Por instantes, toda a minha vida correu diante dos olhos... Quantas alegrias, quantas tristezas! Foi o choque que precisava para voltar a mim, reencontrar-me no tempo e no espaço, interpretar novamente o papel de mãe, compartilhar do amor de vocês. Não existe mais Bruno, pelo menos neste mundo; não existe mais neto, se é que um dia existira; não existe mais diário, tristeza; mas há vocês, a quem amo em demasia, e que não quero perder jamais.

Virando-se para os dois, pergunta, em meios às lágrimas:

_Vocês me perdoam?

Emocionados, os dois correm para os braços da mãe. E a paz, agora, paira sobre a reconciliada família...

* Converse com o autor desse texto através do e-mail: professorcarlosmota@yahoo.com.br

Acesse o site deste autor: www.escritorcarlosmota.com
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