Quando eu ia passando pela rua dos carijós, aqui em Belo Horizonte, eu não tinha noção de quem estava de maneira tal me secando, como dizem os nós jovens de hoje (secar é olhar de maneira abusiva).
Mesmo assim continuei e segui o meu caminho, com aquele pensamento de que na verdade não era uma olhada de interesse e sim algo que estava errado, provavelmente com a minha aparência.
Ao chegar em casa, fui logo me olhar no espelho e constatei que não havia nada de anormal com a minha pessoa, eu estava bem vestido e assim acabei deixando para lá essa situação que naquele instante tanto me incomodou.
No outro dia eu passando pelo mesmo trajeto eu vi aquela mulher em frente à loja, (da mesma loja), me observando de maneira mais agressiva e passei por ela,mas na tentativa de cumprimenta-la ela simplesmente virou a cara e entrou e eu com aquela frustração segui o meu caminho.
Na volta para casa, mais ou menos umas sete horas da noite, a vi saindo da loja e resolvi tirar satisfações sobre o ocorrido que me incomodava profundamente.
Quando cheguei mais perto e a toquei com a esperança de que ela olha-se para traz vi que seus passos se multiplicavam e mesmo assim a segui quando me deparei na praça Raul Soares e ela me chamou pelo nome. Disse-me de uma maneira doce:
- Por favor Leonardo, preciso lhe dizer algo.
Bom, como condizia à situação parei para escutar o que ela tinha para dizer e fui surpreendido quando ela me entregou um poema meu, rascunho que eu realmente me lembro de ter jogado fora, logo em frente à loja que ela trabalhava.
Assim ela disse-me que adorava poesias e que não tinha coragem de me pedir um poema e por isso ficava somente me observando com a esperança de que um dia o tempo a ajudasse e que ela pudesse ter o prazer de conversar com alguém que ela tanto admirava.
Assim com o meu tradicional caderno, escrevi e a entreguei o poema, mas infelizmente somos bons amigos, ela é somente minha musa, casada...